Quais deles estão mais relacionados a produção sustentável de alimentos

Em 2050 a população mundial irá atingir mais de 9 bilhões de pessoas (FAO). A urbanização irá continuar a crescer de forma acelerada, o aumento da renda por indivíduo irá alterar as exigências e preferências alimentares , passando a incluir mais variedade e maior valor nutricional na dieta da população. Para que se possa atender essa crescente e mais exigente demanda, é preciso aumentar a produção de alimentos em 70% (FAO). Os desafios a serem enfrentados são enormes, envolvendo a atuação de diversos setores.

Os avanços da ciência e tecnologia contribuíram significativamente na produção de alimentos no mundo. A capacidade produtiva na agricultura cresceu entre 2,5 e 3 vezes nos últimos 50 anos. Isto permitiu, em um âmbito global, que o aumento na produção de alimentos acompanhasse o aumento populacional.

Além do aumento da demanda, a produção de alimentos enfrenta outros desafios que tornam o contexto ainda mais complexo, como: as mudanças climáticas, que interferem na capacidade produtiva; e restrição de recursos naturais, como a água e o solo.

O papel da inovação passa a ser essencial para garantir que as próximas gerações possam ser alimentadas, com qualidade. Para isso, é preciso que ocorra uma transformação na forma como produzimos alimento. Não basta aumentar a produtividade, é preciso utilizar uma abordagem mais abrangente, que envolva produção e consumo sustentável, de forma agarantir a segurança alimentar para as futuras gerações.

Segurança alimentar

Entre 2012 e 2014 cerca de 805 milhões de pessoas estavam em estado crônico de subalimentação no mundo. Cerca de 100 milhões pessoas a menos que na última década (FAO, 2016). Para que se possa atingir o estado de segurança alimentar não basta apenas incrementar a produção de alimento, é preciso que existam um conjunto de fatores que garantam o acesso ao alimento de qualidade a todos os indivíduos.

A fome e desnutrição afetam de diversas maneiras as capacidades do ser humano, tais como, aprendizado, produtiva e de bem estar. No âmbito mais amplo, a insegurança alimentar causa desigualdade social e violência, afetando profundamente toda população de uma nação.

Os desafios da agricultura

O desafio de garantir a segurança alimentar no mundo se torna ainda maior devido a fatores como as mudanças climáticas, que altera a capacidade produtiva de alimento no mundo, e pelarestrição dos recursos naturais, como o solo e água, que fornecem a base para a produção alimentos.

Mudanças climáticas

As mudanças climáticas representam um importante fator na produção de alimentos, interferindo nos resultados de produtividade devido a eventos extremos cada vez mais constantes como secas e alteração na temperatura. A produtividade agrícola pode cair 2% por década até o final do século, segundo informações divulgadas pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – IPCC.

De acordo com Jerry Hatfield, diretor do Laboratório Nacional de Agricultura e Meio Ambiente do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, já são observadas quedas de produtividade de culturas como milho, trigo e de outras variedades agrícolas. O motivo para esta redução, segundo Hatfield, é o aumento da temperatura. O milho, por exemplo, não tolera altas temperaturas na fase reprodutiva.

Desta forma, as mudanças climáticas também afetam tanto a diversidade de culturas quanto as fronteiras agrícolas. Determinas espécies são colocadas em risco de desaparecimento, e outras tem suas fronteiras agrícolas alteradas. Por isso, é essencial desenvolver uma agricultura mais inteligente e resistente ao clima, que permita agricultores em todo o mundo enfrentarem os desafio que as mudanças climáticas impõe na agricultura.

Restrição de recursos naturais

Solo

A degradação do solo devido ao uso exacerbado representa como um fator redutor da produtividade agrícola, de modo que para sustentar uma produção sustentável será necessário o investimentos significativos na recuperação de áreas imensas em todo o mundo (SONNINO, 2011). O estudo realizado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), revelou que 33% dos solos de todo o mundo está degradado em decorrência de diversos fatores.

A pesquisadora da Embrapa Solos, Maria de Lourdes Mendonça, afirma:

“A maneira como nós estamos produzindo não é sustentável. […] Precisamos agir urgente, tanto a pesquisa, quanto a sociedade civil, quanto cada um de nós.

Água

Cerca de 70% da água no Brasil e no Mundo, é utilizada para irrigação. Durante o processo de irrigação, aproximadamente 50% desta água é perdida devido a má gestão dos recursos hídricos.  Segundo o documento produzido pela FAO, “Rumo a um futuro de segurança hídrica e alimentar”, a agricultura irá continuar sendo o maior consumidor até 2050, o que representa em muitos países cerca de 2/3 ou mais da disponibilidade procedente de rios, lagos e aquíferos. Porém, o volume disponível para agricultura irá ser reduzido devido a uma maior competiçãopor parte das cidades e indústria.

Cerca de 20% da área agricultável no planeta é irrigada, sendo responsável por 40% na produção de alimentos. Isso significa que a eficiência na utilização e produtividade da área irrigada para a não irrigada é de 2,6 vezes maior (FAO, 2012). A irrigação, feita de forma racional e sustentável, é uma das principais maneira para atender a demanda crescente de alimentos.

Desta forma, os desafios impostos exigem que a a agricultura passe a produzir mais, com menos recursos. Isto implica na necessidade de novas técnicas, tecnologias e soluções aplicados na cadeia de produção e distribuição de alimentos.

O papel da inovação na produção sustentável de alimentos

A inovação, no contexto da história da humanidade, permitiu que outros desafios fossem superados pelo homem e a espécie fosse preservada. Não é diferente no que se refere a necessidade existente no contexto de segurança alimentar para as próximas décadas. A inovação e a tecnologia são elementos essenciais para o surgimento de soluções, que otimizem as atividades da cadeia produtiva de alimentos. Isto inclui a convergência de diversos setores da economia e áreas de estudo como biotecnologia, genética, eletrônica, tecnologia da informação, química , entre outras áreas, para que possamos continuar alimentando as gerações futuras.

Thought For Food (TFF)

Thought For Food (TFF), ou reflexão sobre o alimento em português, é uma fundação que visa engajar e empoderar jovens em todo o mundo a desenvolver soluções inovadoras com foco no desafio de alimentar a população mundial em 2050. Segundo os idealizadores, a nova geração de jovens inovadores são os principais recursos capazes de fazer com que a inovação se transforme de fato em mudança.

A iniciativa do TFF promoveu o surgimento e desenvolvimento de soluções como: Agrilution, que permite cultivar vegetais dentro de casa; o FooPoo combate o desperdício de alimentos ao estender, por até 2 anos, o prazo de validade de frutas e vegetais que seriam jogados fora, preservando o valor nutricional em até 90%; já o Peer-to-Peer-Probiotics , formada por jovens cientistas, desenvolve soluções para desnutrição por meio da biologia sintética; o sistema da Agrosmart utiliza o conceito de Internet das Coisas (IoT) para reduzir o consumo de água na agricultura, aumentando a produtividade.

O que todas essas empresas e projetos tem em comum? Surgiram a partir de iniciativas de pessoas que acreditam que é possível criar soluções que ajudem no desafio de alimentar a população mundial até 2050.

Conferência de Segurança Alimentar – Swissnex

Parcerias público-privada estão evoluindo ao redor do mundo em projetos que visam melhorar processos e desenvolver inovações que possam expandir os limites existentes hoje. Dentre elas, está a Swissnex Brazil.

A swissnex Brazil conecta Brasil e a Suíça com o objetivo de trocar conhecimentos e ideias relacionadas a ciência, educação, arte e inovação. No dia 15 de Setembro, a instituição promoveu aConferência de Segurança Alimentar, na Casa da Suíça, RJ. O evento reuniu especialistas e empresas, suíças e brasileiras, com o objetivo de trazer inovações e discutir sobre como alimentar a população do mundo em 2050. A programação incluiu dois painéis, sendo um deles focado na forma como o consumo de alimentos deverá mudar até 2050, já o outro painel trouxe a temática “O papel da inovação na produção sustentável de alimentos”.

Confira a entrevista com  Sebastian Zumbühl, gestor na swissnex Brazill e organizador da conferência:

Para apresentar as inovações o que foi discutido durante o painel sobre produção de alimentos, trazemos abaixo as novas tecnologias apresentadas durante a conferência:

Drones e VANTS

Na zona rural os drones e os VANTS  (veículo aéreo não tripulado) têm criado novas possibilidades a cada dia. Por meio de imagens, os equipamentos podem detectar falhas nas plantações, áreas com falta ou excesso de água e onde é preciso utilizar agrotóxicos ou outro suplemento agrícola, de forma muito mais precisa e localizada. Reduzindo assim, a quantidade de químicosaplicados e recursos desprendidos.

Os avanços no sensoriamento remoto, por meio de equipamentos hiperespectrais e softwares de análise de dados, permite obter resultados significantes  para agricultura de precisão.

Gamaya

A Gamaya utiliza uma combinação de imagem hiperspectral baseada em drone, aviões e dados ambientais (clima, amostragem de solo), complementada por uma metodologia analítica que permite um nível de conhecimento da situação completo da lavoura. O principal serviço oferecido é a detecção e diagnóstico de estresse (danos mecânicos, deficiência de nutrientes, estresse hídrico, compactação do solo), detecção precoce de doenças e pragas, monitoramento do cultivo para a otimização da fertilização e previsão de rendimento. Desta forma, os dadosda câmera são transformados em informações aplicáveis na gestão agrícola, utilizando uma metodologia de sensoriamento remoto hiperespectral, simples e de baixo custo.

O CEO da Gamaya, Yosef Akhtman, fez a palestra de abertura da Conferência de Segurança Alimentar no Rio de Janeiro. Ele apresentou os desafios a serem enfrentados na agricultura e participou do painel “O Papel da inovação na produção sustentável de alimentos”.

Internet das Coisas (IoT)

A Internet das Coisas refere-se ao conceito da revolução tecnológica que conecta aparelhos à Internet. O objetivo desses sistemas é a coleta de dados, compartilhamento e a análises dasinformações obtidas no campo, permitindo obter uma tomada de decisão mais precisa, reduzindo custos. Estes sistemas inteligentes dão aos agricultores maior controle da produção ao longo da safra, permitindo o acesso a informações, que nunca antes estiveram disponíveis, a partir de diferentes dispositivos e lugares.

As soluções agrícolas inteligentes englobam o monitoramento de rebanhos, acompanhamento dos ciclos de ovulação do gado, otimizar o uso da água, de pesticidas, controle de pragas e doenças entre outros.

Produtor rural utiliza o sistema da Agrosmart para monitorar sua lavoura.

Agrosmart

A AGROSMART surgiu com o objetivo de revolucionar a maneira em que as decisões são feitas no campo, reunindo a tradição do conhecimento passado por gerações com dados que realmente representam a necessidade da plantação a cada momento, para auxiliar o produtor a entender melhor o que está acontecendo em seu cultivo, reagir as mudanças e conseguiraumentar sua produção, fazendo um uso mais racional dos recursos, criando assim uma agricultura mais sustentável e que permita ao produtor mais flexibilidade e atratividade para continuar a vida no campo.

Com o uso de sensores, dados meteorológicos, processamento de imagens e uma aplicação baseada em Cloud Computing,  a Agrosmart fornece ao agricultor o monitoramento de diversasvariáveis em tempo real para a agricultura de precisão. Ao monitorar mais de 10 variáveis ambientais geramos informações relevantes que auxiliam em uma melhor tomada de decisão em relação a irrigação e doenças. Como consequência, ao utilizar a Agrosmart, os produtores rurais conseguem economizar até 60% de água, energia e aumentar a produtividade ao mesmo tempo.

Fazendas urbanas

A maior demanda de consumo de alimento está nos grandes centros urbanos, porém, o modo tradicional de produção atual concentra-se em áreas a centenas ou milhares de quilômetros. Desta forma, surgem desperdícios decorrentes da logística do processo.  O conceito de fazendas urbanas permite que alimentos possam ser cultivados dentro de grandes cidades. E ainda melhor, produzidos de forma orgânica, sem agrotóxico ou químicos, utilizando a aquaponia.

Fazenda vertical da Urban Farmes, na Holanda.

Urban Farmers

Urban Farmers surgiu com objetivo de satisfazer demanda e a necessidade de uma produção saudável de larga escala dentro das grandes cidades. O sistema de cultivo de aquaponia combina aquicultura (cultivo de peixes) e hidropônico (cultivo de plantas sem usar terra, e só tendo raízes submersas na água).

Os resíduos dos peixes fertilizam as plantas, as plantas filtram os nutrientes, a água volta limpa para os peixes poupando assim 95% d’água se comparado com a agricultura tradicional.

Fazendas sustentáveis

A sustentabilidade ganha cada vez mais relevância em todos os setores da economia. Na agricultura, o uso de práticas sustentáveis traz impactos e benefícios diretos . Uma fazenda sustentável é o resultado da união entre a produção de alimentos com o respeito ao meio ambiente e a lucratividade. Atingir esse equilíbrio envolve o investimento e métodos e práticas sustentáveis na propriedade.

Project RISE

Apesar da relevância que este tema tem atingido, é muito difícil definir o quanto uma fazenda é sustentável devido a falta de parâmetros.

A metodologia Response-Inducing Sustainbility Evaluation (RISE), adotada a aplicação de indicadores de sustentabilidade em empreendimentos agropecuários. A ferramenta foi desenvolvida pelo Colégio Suíço de Agricultura e avaliada em pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba.  Provando a viabilidade do emprego da técnica por produtores rurais no Brasil.

Na prática, o método consiste na aplicação de um questionário . Coletada estas respostas, os indicadores consideram três dimensões: econômica, ambiental e social. As respostas do questionário são computadas por meio de um software que gera diferentes pontuações. As classificações indicam níveis como “problemático”, “crítico”, “positivo”, e “o nível mais alto de sustentabilidade”.

O indicador permite a comparação da sustentabilidade na agricultura em várias partes do mundo. Ferramentas como o RISE acabará se tornando um diferencial para o próprio produtor, no que tange a sustentabilidade e consciência de consumo.

Redação: Caio Bacci

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Quais deles estão mais relacionados à produção sustentável de alimentos?

Resposta verificada por especialistas. Como maneiras de promover uma produção sustentável do alimento, a melhor opção de produção dada na questão é a agricultura familiar, já que são utilizadas técnicas agrícolas menos modernas, o que consequentemente tem um menor impacto ambiental.

O que é produção sustentável de alimentos?

A produção sustentável de alimentos é “um método de produção que faz uso de processos e sistemas que são não-poluentes, conservam a energia e os recursos naturais não renováveis, são economicamente eficientes, são seguros para os trabalhadores, comunidades e consumidores e não comprometem as necessidades das gerações ...

Qual tipo de produção de alimentos contribui para a sustentabilidade?

A agricultura ecológica é uma forma de cultivo responsável, capaz de produzir alimentos suficientes para toda a população, minimizando os danos ambientais.

Quais são as principais características da agricultura sustentável?

Os princípios e as características da agricultura sustentável são: A diminuição de adubos químicos, através da técnica da fixação biológica de nitrogênio. O uso de técnicas em que não ocorra a poluição do ar, do solo e da água. A prática da agricultura orgânica, pois esta não utiliza pesticidas e adubos químicos.