Vivian Corona Machado* Raul Alves Ferreira Filho** (Brasil) Resumo A Gin�stica R�tmica (GR) � uma modalidade esportiva que desenvolve a coordena��o motora, a percep��o corporal, a lateralidade, a consci�ncia corporal de movimentos f�sicos e est�ticos e contribui para o desenvolvimento e aprimoramento do esquema corporal. Esta pesquisa verificou a possibilidade da aprendizagem de movimentos / exerc�cios b�sicos, espec�ficos da GR, introduzidos durante as aulas de educa��o f�sica escolar buscando a sua utiliza��o na grade curricular objetivando melhor aprimoramento na forma��o integral da crian�a, especialmente no que se refere ao acervo motor. Unitermos: Gin�stica R�tmica. Educa��o F�sica Escolar. Aprendizagem http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - A�o 14 - N� 141 - Febrero de 2010
1. Introdu��o A Gin�stica R�tmica (GR) vem sendo valorizada significativamente no Brasil, pois utiliza a arte do movimento, do ritmo, da m�sica, da criatividade e a capacidade f�sica do praticante.A GR tornou-se uma modalidade ol�mpica a partir das Olimp�adas de Los Angeles em 1984 com a competi��o individual. A competi��o de conjunto, considerada uma das mais expressivas e bela da modalidade foi introduzida nas Olimp�adas de Atlanta em 1996, sendo considerada um sucesso de p�blico a cada Olimp�ada ou Mundial. O �rg�o m�ximo que regulamenta a GR e demais manifesta��es gin�sticas oficiais em todo o mundo � a Federa��o Internacional de Gin�stica (FIG) (MOLINARI, 2007). A competi��o de GR � exclusivamente feminina de acordo com as normas oficiais da FIG, por�m, extraoficialmente, na d�cada de 70 inicou-se a pr�tica masculina no Jap�o, muito utilizada na abertura de eventos como forma de demonstra��o permanecendo sem car�ter oficial at� a presente data. A GR consiste na execu��o de movimentos corporais definidos como elementos de t�cnicas corporais com v�rios n�veis de dificuldade, realizados junto ao manejo de um aparelho sincronizado com a m�sica. Os aparelhos utilizados s�o: fita, bola, arco, corda e massa. A pr�tica da GR desenvolve a coordena��o motora, a percep��o corporal, a lateralidade, a consci�ncia corporal de movimentos f�sicos e est�ticos e contribui para o desenvolvimento e aprimoramento do esquema corporal. Por isso, sua inclus�o na grade curricular da Educa��o F�sica escolar, provavelmente, poder� proporcionar grande contribui��o na forma��o integral da crian�a, especialmente no que se refere � amplia��o do acervo motor. A Gin�stica pode ser uma ferramenta did�tica para os docentes trabalharem na forma��o f�sica dos alunos, pois desenvolve formas e fun��es corporais e a��es motoras (DALLO, 2007). Corroborando DALLO (2007), NUNOMURA e TSUKAMOTO (2009, p�g. 15) afirmam que:
Al�m de ser um diferencial nas aulas, � uma ferramenta que pode ser utilizada pelo professor para proporcionar �s crian�as al�m das atividades de uma aula de educa��o f�sica normal, o desenvolvimento de conte�dos espec�ficos da GR, o que acarretar� em um aprimoramento na capacita��o do professor e um enriquecimento na qualidade motora da crian�a.
2. Revis�o de literatura
3. Metodologia Esta pesquisa foi desenvolvida com o suporte da pesquisa qualitativa. Segundo Thomas e Nelson (2002, p�g. 323), �As pesquisas qualitativas envolvem a observa��o intensiva e de longo tempo num ambiente natural, o registro preciso e detalhado do que acontece no ambiente, a interpreta��o e an�lise de dados utilizando descri��es e narrativas. Elas podem ser etnogr�fica, naturalista, interpretativa, fenomenol�gica, pesquisa-participante e pesquisa-a��o�.
No estudo foram analisadas vinte e duas meninas e dois meninos de 08 anos de idade, que n�o praticavam Gin�stica R�tmica. Estudam em um col�gio p�blico, situado na cidade de Cotia-SP, que n�o oferece essa modalidade no curr�culo escolar, e durante 2 meses praticaram as aulas de GR. Foi analisada a aprendizagem dos movimentos b�sicos, espec�ficos da GR, como os saltos, saltitos e os giros. No come�o da aprendizagem foi utilizado o m�todo global, e depois utilizamos o m�todo anal�tico. No primeiro dia de aula, elas tiveram que fazer os exerc�cios b�sicos (saltos, saltitos, equil�brios e giros) e foi realizada uma filmagem. No ultimo dia de aula elas fizeram os mesmos exerc�cios da primeira aula e novamente a aula foi filmada. Foram utilizados dois aparelhos (bola e arco) que a escola tinha dispon�vel. As crian�as aprenderam movimentos como: Salto enjamb�e ou espacato (Figura 2) com a bola nas m�os e lan�ar ao final do salto; equilibrar com a bola nas m�os (figura 3) (arabesque � uma perna de apoio e a outra estendida atr�s, ambas estendidas); passar por dentro do arco e equilibrar com ele nas m�os (equil�brio arabesque); Exerc�cios com m�os livres como saltar (saltos: tesoura e jet�), girar com os dois p�s e equil�brio arabesque. Figura 2. Salto Enjamb�e ou espacate
Figura 3. Equil�brio arabesque
Fonte: Gaio, 2007, p�g. 111 3.2. Popula��o e amostra Foram analisadas vinte e duas meninas e dois meninos de oito anos de idade, que nunca praticaram GR e que estudam em um col�gio p�blico situado na Cidade de Cotia no qual essa modalidade n�o � oferecida dentro da escola. 3.3. Instrumenta��o Foi utilizado para a pesquisa, uma c�mera digital Sony, 24 bolas e 15 arcos. As bolas e os arcos n�o s�o os oficiais da GR, s�o menores. Foi utilizado o que a escola tinha dispon�vel e que fosse compat�vel com a idade das crian�as. 3.4 Coleta de dados Os dados foram coletados com base em filmagens, foi feita uma compara��o dos movimentos (saltos, saltitos, giros e figuras ou movimentos/exerc�cios da GR) que realizaram no primeiro e no ultimo dia de aula. 3.5. Tratamento dos dados Utilizando o m�todo experimental, foi feita uma compara��o dos movimentos b�sicos da GR selecionados. Os resultados ser�o apresentados em gr�ficos 4. Resultados No primeiro dia de aula, todos os alunos participaram (38 alunos), tanto os meninos como as meninas, por ser uma aula diferenciada (Gr�fico 1). J� no segundo dia at� o �ltimo dia, somente dois meninos continuaram e todas as meninas (vinte e duas meninas).Constatou-se que houve uma evolu��o significativa nos movimentos propostos, inclusive na flexibilidade que n�o era o objetivo deste estudo. Gr�fico 1. Frequ�ncia dos alunos durante as aulas
Como o desenvolvimento da flexibilidade facilita na execu��o dos movimentos, pois proporciona uma amplitude cada vez maior na execu��o dos exerc�cios, no inicio de todas as aulas, como aquecimento, trabalhamos o alongamento (Figura 4) para que as alunas ampliassem cada vez mais a flexibilidade alongando at� o seu m�ximo, ou seja, at� o limite individual de cada aluna. Figura 4. Alongamento
Fonte: a pesquisadora Iniciava as aulas com o m�todo global, depois corrigia-se os movimentos com o m�todo anal�tico. Muitas alunas faziam os movimentos com facilidade, sem precisar fracionar o exerc�cio para aprender, e sim apenas aperfei�oar. Algumas demonstraram maior aptid�o e talento para a atividade, por isso, apresentaram mais facilidade em realizar os saltos, saltitos, giros, equil�brio e manusear os aparelhos propostos. Houve maior motiva��o com a utiliza��o dos aparelhos (arco e bola) durante as aulas. O aparelho arco (Figura 5) teve maior resultado do que com a bola (Figura 6), porque eles n�o t�m o costume de trabalhar o arco, e j� a bola sempre est� sempre presente nas aulas, por uma quest�o cultural do futebol no Brasil, eles pegavam a bola e queriam quicar, chutar, tornando a aula mais dif�cil de ser aplicada. Figura 5. Alunos com o arco
Fonte: a pesquisadora Figura 6. Aluna com a bola
Fonte: a pesquisadora As aulas eram ministradas no p�tio da escola, pois n�o possu�a quadra. Com isso, a maioria das aulas sofria com a interfer�ncia do barulho em volta, impossibilitando de acrescentar m�sica, que seria o ideal para desenvolver o ritmo junto aos movimentos da GR. Mas, para executarem os movimentos ao mesmo tempo, fizemos uma contagem do um ao oito, assim elas sincronizavam e melhoravam o ritmo, o que n�o ocorria no in�cio das aulas. Al�m do aspecto f�sico, procuramos trabalhar o cognitivo durante as aulas, deixando-as livres para criar movimentos, montar s�ries, usando a pr�pria criatividade. Comparando os v�deos com a viv�ncia durante as aulas, percebemos uma grande evolu��o em rela��o ao desenvolvimento da coordena��o motora, da lateralidade, a percep��o corporal e a consci�ncia corporal dos movimentos. Houve uma melhora significativa no equil�brio e na estabiliza��o da maioria das alunas. Com a utiliza��o dos aparelhos arco e bola, percebeu-se uma evolu��o no manuseio e na coordena��o dos movimentos junto ao aparelho (Gr�fico 2). A maioria n�o sabia realizar saltos, saltitos, giros e manuseio de aparelhos, pois nunca tinham vivenciado algo parecido antes, mas ao longo desses dois meses elas conseguiram aprender e algumas se identificaram profundamente com a GR, que optaram por iniciar a pr�tica regular da modalidade no gin�sio municipal da cidade. Gr�fico 2. Exerc�cios propostos e percentual de assimila��o
5. Discuss�o O trabalho com modalidades g�mnicas, por exemplo, a GR para Nista-Picollo (1999) faz com que a crian�a vivencie novas experi�ncias motoras e sensa��es diferentes do seu cotidiano, permitindo a ela um ambiente rico em est�mulos para sua explora��o motora e criatividade. Corroborando com nossa pesquisa, Nista-Picollo (1999) deixa claro que os materiais a serem utilizados podem ser improvisados ou adaptados, pois o importante � proporcionar viv�ncias diferenciadas �s crian�as, favorecendo-as na amplia��o do acervo motor e despertando o interesse para a pr�tica de determinada modalidade esportiva. Na mesma linha da nossa pesquisa, Schiavon (2003) ressalta que a falta de conhecimento faz com que a maioria dos profissionais de Educa��o F�sica n�o visualize as possibilidades de execu��o de elementos da GA ou da GR, permanecendo uma imagem de leigos a respeito das possibilidades de ensino dessas modalidades. GAIO (2007) com sua proposta de gin�stica r�tmica popular proporcionou atrav�s de atividades, condi��es para que as crian�as vivenciassem: a Consci�ncia Corporal, promovendo a forma��o do �eu� diante do mundo e a descoberta de suas possibilidades de express�o; a Estrutura��o da No��o Espacial, ou seja, a maneira como ela se localiza no espa�o que circunda e como se situam as coisas, uma em rela��o �s outras; a Estrutura��o da No��o Temporal, que � a maneira como se situa no tempo, seu tempo de a��o individual e coletiva, diante do meio ambiente; e a Vida de rela��o, que consiste na socializa��o. A autora afirma que se considerar a GR como movimentos fundamentais combinados, devemos iniciar um trabalho de habilidades motoras espec�ficas nessa modalidade a partir dos sete anos de idade. E considerando que, em nosso pa�s n�o temos uma divulga��o dessa modalidade nos canais de televis�o, nem em revistas e jornais e que a base dos programas esportivos dos grandes canais brasileiros � o futebol, cabe aos profissionais de Educa��o F�sica o compromisso de ampliar a cultura corporal de movimentos, ou seja, ensinar conte�dos da Educa��o F�sica inclusive ensinar GR. Devemos ser criativos, mostrar as possibilidades de movimentos para as crian�as e assim, estimular a curiosidade das mesmas. 6. Conclus�o Para o profissional de Educa��o F�sica desenvolver conte�dos da GR em suas aulas, n�o precisa necessariamente ser um ginasta ou ex-ginasta, mas precisa dominar o assunto. Existem cursos t�cnicos de inicia��o em GR na Liga Nacional de Gin�stica R�tmica e na Federa��o Paulista de Gin�stica (FPG), que proporcionam aos profissionais interessados o conhecimento de todos os movimentos b�sicos da GR, assim eles podem ministrar suas aulas com base nas informa��es t�cnicas adquiridas nesses cursos e em livros da modalidade.Ao proporcionar uma viv�ncia motora diferenciada, somando-se a isto a utiliza��o de aparelhos e equipamentos in�ditos o profissional de Educa��o F�sica estar� enriquecendo o acervo motor e ampliando a cultura esportiva da crian�a, que poder� se identificar com uma modalidade como a GR, por exemplo, e vir a pratic�-la regularmente, obtendo al�m dos benef�cios motores, os sociais e aqueles relacionados � sa�de. Com base neste trabalho e como pesquisadora, n�o poderia deixar de registrar que o empenho em proporcionar uma experi�ncia diferenciada � plenamente recompensado ao observar o brilho nos olhos curiosos e nos sorrisos de satisfa��o das crian�as. O que sem d�vida, deveria servir de motiva��o para que propostas similares venham a ser realizadas e contribuam para enriquecer as aulas de educa��o f�sica, seja com a GR ou outra modalidade esportiva. Bibliografia
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Quais são as qualidades necessárias para praticar ginástica rítmica?No estudo de Porpino (2004), as capacidades físicas mais exigidas dentro da Ginástica Rítmica, são: força explosiva, coordenação, flexibilidade e resistência aeróbica e anaeróbica.
Quais são as 3 características básicas marcante da ginástica rítmica?A Aprendizagem na GR
Segundo Tibeau (1988) a ginástica rítmica possui três características básicas marcantes: movimentos corporais, manuseio de materiais e acompanhamento musical apropriado. Estes elementos então formam uma unidade que fundamenta a própria existência da GR.
Quais são as qualidades da ginástica?Com as vivências da ginástica, desenvolvem-se naturalmente as chamadas qualidades físicas como: resistência geral, coordenação, velocidade, equilíbrio, força, flexibilidade e ritmo.
Quais são as suas características da ginástica rítmica?Direcionada ao público feminino, a Ginástica Rítmica é um esporte olímpico em que as ginastas fazem suas apresentações em um tablado com tapete de 13×13 m e utilizam aparelhos oficiais como: cordas, arcos, bolas, maças e fitas, acompanhados por música. O esporte pode ser apresentado em grupos ou individualmente.
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