Poema o lugar onde eu vivo

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Poesia: Olimpíada de Língua Portuguesa Tema: O lugar onde Vivo!

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Ana Maria de Carvalho Luz

Simples, direta e aparentemente despretensiosa, a formulação do tema da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro – “O lugar onde vivo” – revela grande poder heurístico, por ser capaz de gerar múltiplas possibilidades de abordagem e, sobretudo, uma mudança no olhar de professores e alunos sobre o seu entorno.

No momento em que escrevo, verifico que 143.957 professores aderiram à proposta da Olimpíada1. Isso significa, num cálculo aproximado, que, no mínimo, 4.318.710 alunos (considerando-se uma média de 30 alunos por professor) estão participando de oficinas para a produção de textos com esse tema. Além dos números alcançados – sem dúvida, representativos de nosso país continental – o que isso significa? Quais nuances do impacto desse tema podem ser imaginadas?

São muitos e muitos os lugares que estão sendo olhados por quem vive e curte as dores e as delícias de viver onde vive. São cidades grandes, cidades pequenas, distritos, povoados, incluindo áreas urbanas e rurais, litorâneas ou não, o que compõe, no conjunto, um rico caleidoscópio de lugares do Brasil.

São muitos também os olhares de crianças e adolescentes – e de seus professores – que se estão fazendo estrangeiros para ver mais e melhor o seu entorno. Para descobrir o existente, embora, às vezes, encoberto ou empanado pelo hábito de tanto olhar sem muito ver... Sobretudo, olhares ainda não contaminados por visões estereotipadas ou comprometidas com algum interesse que não o de olhar, ver e sentir o seu lugar.

Múltiplos ainda são os sentimentos e as sensações que estão sendo despertados – porque nunca expressos – ou inaugurados – porque nascidos do poder de provocação do tema. Em cada olhar, uma sensação que se configura em sentimento novo, disparado pela proposta de tema. Não necessariamente de amor ou admiração, mas, sobretudo, de pertencimento a um lugar “para chamar de seu”.

Finalmente, são incontáveis os diálogos. Pois não basta apenas olhar e ver, mas urge trocar olhares e visões com outros viventes do mesmo lugar. Assim, o tema engendra a necessidade de diálogos que cruzem e confrontem diversificados olhares. Para isso, não basta contentar-se com a própria voz interior em solilóquio, mas expandi-la e cruzá-la com outra voz, com outras vozes, para possibilitar o diálogo e as inevitáveis descobertas que essa rede de vozes pode promover.

A exploração do tema, ou alimentação temática, pode ser guiada por inúmeras questões dirigidas ao cenário físico e humano do lugar onde vivem os alunos. Quantas “cidades” diferentes habitam minha cidade? Em que faces diversas minha cidade se multiplica? Qual delas é sempre tomada como seu cartão-postal? Quais delas se escondem em arredores nunca mostrados ao visitante? Quem são as pessoas que habitam os lugares diversos da minha cidade? O que elas fazem? O que é feito com elas? Como elas percebem ou veem o lugar onde vivem? Quem faz a minha cidade, no seu cotidiano? Quem fez a minha cidade? Como eu tenho visto a minha cidade? O que tenho deixado de ver na minha cidade?

E o melhor é que cada uma dessas perguntas pode levar à construção de outras perguntas para guiar os alunos – viajantes no seu próprio lugar. Uma viagem que permite apropriar-se do seu espaço como protagonista, como cidadão, ampliando a dimensão dos vínculos que ligam cada um de nós a determinados territórios de nascença ou de querença.

Ao fazer a associação entre o tema e o gênero poema, evoco imediatamente “A canção do exílio”, de Gonçalves Dias:

“Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.” 2

Ou, ainda, salta à memória o poema 207 de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa):

“O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
[...]
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.” 3

Palmeiras e rio, nesses poemas, se tornam entes ou elementos emblemáticos do lugar, na visão do poeta que os escolhe. No caso das palmeiras, é nítido o tom saudoso e laudatório do poeta, que diz “minha terra”, como poderia ser meu lugar, mote das comparações que conduzem o poema: “As aves, que aqui gorjeiam, / não gorjeiem como lá.” Já no poema de Caeiro, o efeito da comparação não se expressa em tom laudatório ou saudoso, mas particulariza a singularidade do seu lugar – a aldeia – e do seu rio do seu lugar: “... o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia”.

Por isso, fazer um poema sobre um lugar implica a escolha desse elemento que vai “puxar” as palavras, as imagens, e orientar a construção do texto. Assim, o poema, para se fazer, não precisa dar conta da totalidade do lugar onde vivo, mas partir de uma escolha de um ou de alguns elementos capazes de disparar o fluxo de sentimentos ou sensações que se entrelaçam nas palavras com as quais se pode construí-lo. Talvez algumas questões possam guiar o tratamento do tema nesse gênero. Depois de olhar muito e ver o lugar onde vivo, que coisas mais me emocionaram? Por que essas coisas tocaram a minha emoção? Como minha emoção se traduziu em sentimentos – amor, saudade, revolta, ódio, ternura? Que palavras melhor expressam as imagens que tenho do lugar a partir desse ou desses sentimentos? O que posso dizer disso tudo? Com que palavras posso dizer tudo isso? Essa última questão remete ao conselho de Drummond:

“[...] Penetra surdamente no reino das palavras. / Lá estão os poemas que esperam ser escritos [...]” 4.

Assim, palavras e imagens constituem a essência do poema. As questões indicadas não precisam ser respondidas imediatamente. Elas podem ficar dormindo à espera de respostas. Ou até não terem respostas. Assim, para que os alunos produzam poemas, é necessário paciência. Não pode haver um momento determinado, um prazo exíguo para essa produção. Também é preciso que eles saibam que o poema pode não nascer pronto. Cada leitura que fazemos dele pode sugerir outras imagens, outras palavras, outros ritmos. E, aí, vale reler Drummond:

“[...] Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio [...].” 5

O tema “O lugar onde vivo”, para se materializar no gênero memórias literárias, exige uma atenção especial para as narrativas coletadas pelos alunos. A narrativa parece constituir uma necessidade primal dos humanos. Já que a vida decorre num fluxo de tempo, no qual ela própria se constrói, uma forma de entendê-la e dela se apropriar é contá-la, compartilhando-a. Tomando-a no presente. Como o fluxo de evocações não é necessariamente ordenado ou focado, o primeiro passo é, ao escolher as pessoas, eleger os fatos evocados a serem materializados no texto e depreender a forma e o tom como a narrativa se fez. Nesse ponto, algumas perguntas possíveis. Quem é esse narrador – o que faz, o que sente, como se apresenta? Que aspectos do lugar são evocados por ele? Que fatos ocorridos no lugar estão presentes, ou marcam as narrativas ouvidas? Esses fatos ou aspectos do lugar foram realçados, enfatizados, por serem mais importantes para quem engendrou sua narrativa? Momento especial é o da transposição do texto ouvido de outrem para o texto escrito. Como dizer a minha palavra sendo fiel às palavras de quem narrou? Como pôr em ordem e dizer do que ouvi, de modo que meu texto possa causar, no leitor, emoção semelhante à que experimentei quando ouvi? E assim por diante.

Se a escritura tiver de tomar o formato de crônica, a alimentação temática pode percorrer alguns caminhos para a descoberta de eventos aparentemente banais do cotidiano do lugar a serem alçados a um primeiro plano nesse gênero. Por essa perspectiva, algumas questões sobre o tema eclodem. Como é o dia a dia do lugar onde vivo? Que hábitos ou costumes caracterizam esse lugar? Que pessoas, com seus fazeres e afazeres, artes e ofícios, representam bem o cotidiano do lugar? Que fazeres são esses? O que torna o lugar onde eu vivo singular, diferente de outros lugares? Que fatos interessantes tenho presenciado no lugar onde vivo? Qual deles particularmente mais me impressiona? Qual deles mereceria uma crônica? Assim, preparar-se para escrever uma crônica sobre um lugar implica um olhar subjetivo e seletivo do autor, que focaliza algo simples, singular, corriqueiro, mas que – por ter tocado sua sensibilidade – toma uma dimensão de importância ao ser tema de uma crônica. E é esse olhar do autor que vai guiar o leitor para o singular, o belo, o inusitado, o cômico ou o trágico de uma situação, evento ou pessoa do lugar onde vive e propiciar uma conversa informal, leve, que constitui o modo de ser de uma crônica.

Para “puxar” o início de uma crônica, a solução é absolutamente pessoal, mas ela deve enredar o leitor de tal forma nessa conversa, que ele caminhe emocionalmente com o olhar do autor até o final do texto, geralmente curto.

“O amor acaba. Numa esquina, por exemplo...”
Paulo Mendes Campos 6

“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito.”
Carlos Drummond de Andrade 7

Já no caso do artigo de opinião, abordar o tema “O lugar onde vivo” vai permitir explorar ideias ou pontos de vista a respeito de situações ou fatos vinculados à região. Nesse sentido, o trabalho com o tema pode se encaminhar para a identificação de tais fatos ou situações de modo a problematizá-los. Que situações constituem problemas na minha cidade? Por que elas podem ser consideradas como problemas? Quais as causas de tais problemas? Que consequências elas acarretam para a vida das pessoas que vivem nesse lugar? O que poderia ser feito para resolvê-las? Como as pessoas do lugar se posicionam diante delas? O que penso eu a respeito de tudo isso? Como posso defender meus pontos de vista a respeito desse assunto? A partir de uma exploração do tema conduzida nessas bases, gradualmente os alunos irão se apropriando das características sociodiscursivas do gênero, o que será reforçado, nas oficinas, com a leitura de textos de gênero similar. A voz dos alunos, nesse caso, deve apropriar-se de bons argumentos – que ensejam credibilidade – e dos procedimentos argumentativos que marcam claramente o gênero, com o objetivo final de estabelecer uma interlocução com o leitor e convencê-lo da propriedade do ponto de vista apresentado.

E, assim – qualquer que seja o gênero –, esse conjunto de perguntas engendradas a partir do tema constitui a base da qual brotarão as vozes dos alunos, as quais, ao se transmutarem em escrita, engendrarão autores conscientes do poder que emana de seu próprio verbo. Assinando seus próprios textos, eles certamente descobrirão, nesse processo, que escrever é tão bom quanto conversar, compor uma música, pintar um quadro, desde que se tenha o domínio de um instrumento de expressão – no nosso caso a linguagem escrita.

Falei muito de alunos. Mas é preciso não se esquecer de que, por se fazer e se expandir em diálogo, esse tema tocará também outras pessoas, fazendo-as abrir um hiato no seu cotidiano para pensar sobre seu lugar, lembrar o aparentemente esquecido e descobrir o prazer de fazer isso. Entre elas estão também os professores que, ao percorrerem essas trilhas com seus alunos, protagonizam uma experiência de descobertas, já que com eles compartilham o lugar onde vivem. Mais que isso: estarão descobrindo caminhos do ensinar e do aprender, já que um não se faz sem o outro.

1. Dados obtidos em 15/6/2012 no site da Olimpíada: <//www.escrevendoofuturo.org.br>
2. Gonçalves Dias. “Cantos”, in: Poesia completa e prosa escolhida. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1959, p. 103.
3. Fernando Pessoa. Ficções do interlúdio. Obra poética. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1960, p. 152.
4. Carlos Drummond de Andrade. “Procura da poesia”, in: Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 117.
5. Ibidem, p. 118.
6. Paulo Mendes Campos. “O amor acaba”, in: Coletânea – Crônicas. São Paulo: Cenpec, 2012, p. 10.
7. Carlos Drummond de Andrade. “Antigamente”, in: Prosa seleta. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003, p. 117.

Ana Maria de Carvalho Luz é professora de língua portuguesa da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Revista Na Ponta do Lápis
Ano VII
Número 20
Julho de 2012


Como fazer um poema sobre o lugar onde eu vivo?

O lugar onde eu vivo Quero morar a vida toda Nunca vou deixar dessa cidade Que é linda e encantadora. O lugar onde eu vivo Tem muita gente que mora no meu coração Que estuda na minha escola E que me traz muita animação. O lugar onde eu vivo Gosto muito de viver Faço tudo que eu quero Vejo a vida reviver.

O que falar sobre o lugar onde vivo?

O lugar onde vivemos é bem pequeno dentro mundo, mas o mundo que ele cria é enorme dentro da gente. Fazer essa pequena descrição do apartamento onde moro há dez anos me suscitou uma série de lembranças, um emaranhado de sensações cruas e imagens poucos nítidas de uma vida bastante vivida e pouco notada.

Onde eu moro poema?

O lugar onde moro; Tem cavalo, tem boi, tem mato; Tem muita criança a brincar. Cachorro; bola; e lugar pra caminhar.

Como fazer um poema sobre a cidade?

Na minha querida cidade, Todos vivem com muita simplicidade. No peito carregam grande amor, Um pequeno lugar, mas de grande valor. Um lugar por muitos ainda desconhecido, Mas para quem aqui já esteve, nunca será esquecido. Olímpia tem suas belezas naturais, E guarda a história de seus ancestrais.

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