O treinamento físico crônico ____________ os níveis de testosterona nos homens.

O excesso de treino pode promover uma redução nos níveis de testosterona em homens — Foto: iStock Getty Images

Abaixo, os médicos endocrinologistas Ricardo Oliveira e Roberto Zagury explicam essa relação e o tratamento do problema e dão dicas de cuidados a serem tomados pelos atletas.

Exercício físico e testosterona

Diferentes tipos de treinamento podem exercer diferentes impactos sobre a produção de testosterona. Ricardo Oliveira explica que se por um lado exercícios de alta intensidade e curta duração promovem aumento da síntese de testosterona, por outro lado treinamentos longos e exaustivos podem promover o contrário: uma deficiência do hormônio. Alguns tipos de exercícios que geram uma produção maior de testosterona são os de alta intensidade, explosão e musculação, principalmente aqueles que envolvem grandes grupamentos musculares e uma intensidade considerável.

A baixa produção de testosterona está entre os malefícios do overtraining — Foto: Reprodução/Internet

De acordo com Roberto Zagury, muito mais do que produzir uma diminuição nos níveis de testosterona, o excesso de treinamento no homem traz malefícios também na esfera afetiva. No âmbito psicoafetivo, a pessoa pode ter mais irritabilidade e um sono prejudicado, por exemplo. No âmbito imunológico, há um desequilíbrio, desregulando-se com o exagero de treinamento e, dessa forma, a pessoa fica mais propensa a infecções principalmente de vias aéreas superiores.

- Além disso, pode haver um prejuízo na massa óssea, tanto na qualidade quanto na quantidade de tecido ósseo; e assim, acabam surgindo as famosíssimas fraturas por estresse. Portanto, entendemos hoje que o impacto do overtraining não é apenas hormonal, mas sim multimodal e multifatorial, envolvendo uma ampla gama de setores do organismo da saúde masculina - explica o médico.

Hipogonadismo ligado ao exercício

De acordo com Ricardo Oliveira, o hipogonadismo masculino caracteriza-se por uma deficiência da produção de testosterona e/ou espermatozoide em homens. O excesso de exercício, sobretudo em um contexto de ingestão calórica limitada, é uma das causas desta entidade recém-descrita como “hipogonadismo ligado ao exercício”.

  • Queda de libido
  • Sintomas depressivos
  • Irritabilidade
  • Piora da concentração
  • Perda de força e potência muscular

A maioria desses sintomas pode apresentar um impacto direto ou indireto sobre a performance do atleta, prejudicando o desempenho esportivo.

- Atualmente, cunhamos um termo, entendendo que era apropriado ter uma terminologia específica para apontar para essa condição: o hipogonadismo ligado ao exercício, que é uma forma funcional de hipogonadismo. Ou seja, não existe uma doença orgânica, um processo anatômico que seja identificável com exames de imagem, por exemplo, mas existe um processo funcional, uma desregulação do funcionamento do nosso organismo que começa lá em cima, no hipotálamo, que é uma região do nosso cérebro especializada capaz de controlar uma glândula muito importante que é a hipófise, que também fica no cérebro. Por sua vez, a hipófise controla várias glândulas do nosso organismo e, entre elas, os testículos, no caso do homem. Que são o sítio de produção da testosterona. No hipogonadismo ligado ao exercício, há uma diminuição na produção de testosterona por uma alteração funcional do hipotálamo e da hipófise - explica Roberto Zagury.

Piora da performance esportiva

Overtraining piora a performance esportiva em um curto prazo — Foto: Istock Getty Images

O quadro de hipogonadismo ligado ao exercício pode prejudicar a performance esportiva, pois provoca alterações como menores força e resistência muscular e uma piora da recuperação muscular nos indivíduos acometidos, além de uma série de mudanças orgânicas prejudiciais. Isso ocorre porque o praticante de atividade física, com o objetivo de melhorar o seu desempenho, acaba treinando cada vez mais, entrando em um ciclo vicioso de busca pela perfeição. Assim, aumenta mais o volume semanal e a intensidade dos treinos e diminui os períodos de repouso, que são fundamentais para que o organismo se recupere.

- Senão der tempo para o organismo, não adianta treinar em alta intensidade, a pessoa não vai se tornar mais capaz, pelo contrário. Quando o atleta só vai treinando cada vez mais e passa do ponto, esse hipogonadismo (diminuição de testosterona) dialoga com o excesso de treinamento clássico, passando também por um estágio antes do overtraining, que é o chamado overreaching, que consiste em um aumento do volume e\ou da intensidade do treino. Após essa fase, o indivíduo entra no overtraining e, em vez de melhorar sua performance esportiva, a piora em um curto prazo - aponta Zagury.

Tratamento e cuidados

Readequação de dieta e treinos é a principal forma de tratamento da baixa de testosterona — Foto: Istock Getty Images

Nos casos de deficiência de testosterona causada pelo excesso de exercício físico, Ricardo Oliveira aponta que a principal medida a ser adotada é uma adequação de dieta e treinos. Segundo o médico endocrinologista e do esporte, o indivíduo deve:

  • Fazer uma redução do volume de treinamento (em geral 20-30% do volume semanal), evitando os treinos mais longos, sobretudo aqueles que tem duração entre uma e duas horas;
  • Um controle dietético também é fundamental, requerendo-se um aumento da ingestão calórica, incluindo quantidade de carboidratos e gorduras, muitas vezes negligenciado e demonizados por atletas;
  • Nos casos que tais ajustes não forem suficientes para reverter todo o processo, a reposição hormonal com testosterona ou uso dos chamados moduladores seletivos do receptor de estrogênio (SERMs) pode ser necessário.

Roberto Zagury também reforça que a base do tratamento nesses casos é o destreinamento, ou seja, fazer o movimento no sentido contrário. Afinal, se o que produziu aquela deficiência funcional na produção de testosterona foi o excesso de treinamento, o tratamento é entregar para a pessoa uma agenda de repouso para que que ela possa desfazer o que que foi construído pelo overtraining.

- Outro ingrediente importante do tratamento é a paciência, embora seja muito difícil pedir para pessoa que está nessa situação dar tempo ao tempo. Às vezes a situação reverte rápido, mas nem sempre, pode ser preciso de três meses, seis meses ou até um ano para reverter o quadro. Então, a pessoa que se vê nessa situação acaba ficando insegura e ansiosa, mas na medicina às vezes o tempo faz parte do grande tratamento, como nesse caso - destaca o médico.

Além de tratar o quadro, é importante o atleta tomar alguns cuidados, sendo importante lembrar que os produtos derivados de testosterona são considerados doping, ou seja, pertencentes à lista de substância proibidas pela agência mundial anti-doping (WADA). Portanto, é fundamental que equipe médica esteja ciente e, caso esse tipo terapia seja de fato necessário, deve ser solicitada uma autorização para uso terapêutico (AUT) antes do início da competição. A agência regulatória de cada país avaliará o caso e decidirá pela autorização ou não. No Brasil, esta função é feita pela Agência Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD).

  1. Construir um programa de treinamento de tal forma que o atleta encontre equilíbrio entre intensidade e volume de treinos e repouso. E isso quem vai fazer melhor do que ninguém é um profissional de educação física, que vai montar um treino periodizado, com momentos de maior intensidade, mas também com momentos de menor intensidade e outros de descanso. A monotonia de treinamento é um um problema importante que empurra o indivíduo para o hipogonadismo;
  2. Ter atenção a questões de ordem pessoal: problemas financeiros, afetivos e familiares influenciam o desempenho esportivo. É importante não descuidar desses fatores extra-esporte, que muitas vezes exigem o apoio de um psicólogo, por exemplo.

- Por fim, é importante destacar que atletas de endurance, sobretudo de provas longas (maratonas, ultramaratonas, ciclismo), esportes aquáticos (nos quais se treina horas por dia), dentre outros, estejam atentos à possibilidade da deficiência de testosterona. Diante da suspeita, a recomendação é procurar a equipe médica. Em muitos casos, um médico endocrinologista deverá ser consultado para avaliação criteriosa do caso - conclui Ricardo Oliveira.

Fontes:
Ricardo de Andrade Oliveira
é médico endocrinologista e do esporte, ex-professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e coordenador do Departamento de Doenças Associadas da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).
Roberto Zagury é médico endocrinologista e coordenador do Departamento de Diabetes, Exercício e Esporte da Sociedade Brasileira de Diabetes.

Quais são os diferentes tipos de treinamento para aumentar a testosterona?

Diferentes tipos de treinamento podem exercer diferentes impactos sobre a produção de testosterona. Ricardo Oliveira explica que se por um lado exercícios de alta intensidade e curta duração promovem aumento da síntese de testosterona, por outro lado treinamentos longos e exaustivos podem promover o contrário: uma deficiência do hormônio.

Quais são os níveis normais da testosterona?

Conforme o site do Dr. Dráuzio Varella, nos laboratórios de análises clínicas os valores normais da testosterona para um homem adulto (auge da forma) os níveis ficam em média, entre 300 ng/dL e 900 ng/dL.

Quais são os exercícios que aumentam a testosterona nos homens?

De acordo com Bracco (2002), durante o exercício físico, as fontes de energia são mobilizadas e tendem a liberar glucagon, cortisol, testosterona e hormônio de crescimento. Qual exercício que aumenta a testosterona? 7 exercícios que aumentam naturalmente a testosterona nos homens Agachamento. Levantamento Terra. Supino. Remadas. Barra fixa.

Qual a diferença entre testosterona e cortisol?

A testosterona e o cortisol são hormônios produzidos naturalmente pelo corpo humano, pelas glândulas supra-renais. Comumente chamada de “Hormônio Masculino” a testosterona também é produzida pelo organismo da mulheres naturalmente e em sua maior parte, nos ovários.

Qual é o hormônio da força?

A testosterona é considerada o hormônio mais importante para o ganho de massa muscular. Através de reações químicas, estimula o aumento da força física e diminui o índice de gordura no corpo. Além de melhorar a contração muscular, este hormônio determina o quanto de massa muscular você pode desenvolver.

Como o exercício altera a taxa de transporte de glicose para o músculo?

O exercício físico aumenta a captação de glicose no músculo esquelético por diferentes mecanismos moleculares. Evidências experimentais demonstraram que a contração muscular não necessariamente estimula a fosforilação do IR e dos seus substratos (IRS-1 e IRS-2) em resíduos de tirosina, ou da enzima chave da via a PI3q.

São exemplos de hormônios de ação lenta responsáveis pela manutenção da glicose?

· Pergunta 9 0,4 em 0,4 pontos São exemplos de hormônios de ação lenta responsáveis pela manutenção da glicose plasmática: Resposta Selecionada: c. Cortisol e hormônio do crescimento.