O que os portugueses buscavam no continente africano?

O primeiro grupo de territórios explorados compreende a costa marroquina, a Madeira, os Açores, Cabo Verde e a costa africana da Guiné (até ao Equador). O período de maior exploração desta área foi o século XV.

Inicialmente, os marinheiros portugueses demandavam a Madeira e as Canárias - antes da sua descoberta oficial e respetiva colonização - em busca de madeiras e de sangue-de-dragão (resina vermelha extraída do dragoeiro), usada para a tinturaria. Depois da ocupação e colonização efetiva desses territórios, a par dos Açores, na primeira metade do século XV, os principais produtos e riquezas eram, para além do "pão" (trigo), as plantas tintureiras (sangue de dragão, urzela, pastel...), pontualmente a madeira e algum gado.

Depois, na segunda metade do século XV, numa etapa que se prolongará um pouco nos primeiros 50-60 anos do século XVI, a Madeira ganhará relevo como centro produtor de açúcar (e cada vez mais de vinho), introduzido na ilha pelo Infante D. Henrique em torno de 1440-50, produto que gerará grandes lucros para o arquipélago e para a economia nacional. A atestar essa riqueza criada, veja-se a profusão de obras de arte flamengas e italianas na Madeira durante o período do açúcar, encomendas especializadas e de elevado custo.

Entretanto, nesta primeira fase, já alguns produtos provinham da exploração da costa africana. Depois do relativo insucesso da conquista de praças em Marrocos, com o desvio de rotas e a pouca afluência de cereais e de ouro, a costa africana para sul do Bojador ofereceu algumas mais-valias interessantes à economia portuguesa da segunda metade do século XV, em complemento ao trigo e açúcar madeirenses.

Dos Açores, onde o açúcar foi também experimentado, mas com resultados pouco animadores, provinham principalmente gado e cereais, bem como o peixe. Da costa africana, que se animou comercialmente a partir de 1450, provinham essencialmente escravos, que serviam por exemplo os engenhos de açúcar madeirenses e alguns senhores reinóis.

Os primeiros escravos foram canários (Guanches), mas eram difíceis de capturar, como os marroquinos, pelos que os Negros da costa africana se revelaram mais fáceis de obter, visto que existiam várias rotas de escravos controladas por muçulmanos que os vendiam aos Portugueses. Muitos desses escravos eram depois revendidos a bom preço para Castela, Aragão, repúblicas italianas, ficando uma parte em Portugal e na Madeira.

Da costa da Guiné, os portugueses traziam também goma-arábica, gatos de argália (produto medicinal), malagueta, algodão, marfim, para além de papagaios e outros artigos de menor valor. O peixe, as baleias e os lobos-marinhos das Canárias e Madeira eram também procurados pelos Portugueses.

Mas o principal produto foi o ouro, desde 1442, estendendo-se ao longo do século XV, ainda que de forma irregular e num decréscimo na transição para a centúria de Quinhentos. O ouro provinha de Arguim, da África Ocidental, da Serra Leoa e da Mina, e foi sem dúvida, seguido pelos escravos, a base financeira de apoio à continuidade dos Descobrimentos e da construção do Império marítimo português no Atlântico e no Índico.

Depois vieram as especiarias da Índia, a partir de 1500, uma designação genérica de vários produtos que faziam mover nações e provocar guerras, gerar fortunas e edificar impérios, como o Português. Depois das especiarias africanas (malagueta, pimenta vermelha), as asiáticas (gengibre, canela, pimenta, cravinho, noz moscada, maça), provenientes da costa indiana do Malabar e depois de Sumatra, das Comores (costa oriental africana), de Java e das Molucas (ou Spice Islands), pulverizaram todo o comércio europeu de então, dominado por italianos e muçulmanos. 1530 foi o ano das especiarias em Portugal, o apogeu do Império, o culminar do ciclo da pimenta na economia portuguesa e do seu império asiático.

O ouro manteve na Ásia portuguesa a sua importância estratégica, chegando em assinaláveis quantidades de Sumatra, do Monomotapa (Rodésia) e ainda da Mina. Tal como os escravos, mão de obra cada vez mais importante na Madeira, Cabo Verde, S. Tomé e, posteriormente, no Brasil (como se verá adiante), assim como também na Metrópole e em Goa. Às vezes provinham da Guiné e do Congo/Angola mouros do Norte de África.

Os Portugueses traziam ainda do Oriente prata, cobre, pérolas, coral, para além de imaginária, mobiliário, ourivesaria, prataria, laca (Japão), madrepérola, marfim, sândalo (de Timor), entre outras madeiras preciosas (teca, sissó...), seda e outros tecidos preciosos, porcelanas e olaria (da China, por exemplo), couros e peles, almíscar, gado, entre vários produtos exóticos (não esquecer as pedras preciosas), produzidos em várias regiões índicas. Todos estes produtos estavam enquadrados numa rede comercial apoiada em instituições monopolistas de administração e fiscalização da obtenção, transporte e venda dessas riquezas, depois distribuídas por toda a Europa através de feitorias e entrepostos comerciais.

Entretanto, se os lucros do Oriente conheceram a partir de 1530 uma crescente estagnação e até mesmo crises cíclicas cada vez mais frequentes, surgiu um outro território no Império português que se tornaria a verdadeira "joia" do Ultramar entre a segunda metade do século XVI e a sua independência em 1822: falamos do Brasil. Até 1530-50, o seu principal produto e riqueza foi o pau-brasil, a que sucedeu, com o incremento da colonização a partir dos anos 40 de Quinhentos, o açúcar, que destronou o da Madeira nos circuitos comerciais europeus e se revelou de grande valor para a economia da colónia e do País.

A escravatura negra foi um dos suportes essenciais para o sucesso comercial do açúcar brasileiro, como o foi também para outros produtos importantes da colónia: o gado, o tabaco e o algodão, ainda que sem a expressão da cana sacarina. O século XVII foi essencialmente agrícola no Brasil, gerando riqueza e atraindo colonos e aventureiros, muitos à procura do Eldorado de pedras cintilantes e de ouro e prata.

Ouro, porém, só depois de 1699, e em quantidades tais que o Brasil transformou completamente a sua economia, a de Portugal e a do mundo, gerando uma riqueza colossal, que seria depois complementada pelos diamantes, descobertos na terceira década de Setecentos e que trouxeram um influxo ainda maior de riquezas para Portugal e Brasil.

A Índia definhava e o Brasil crescia, mas Portugal pouco mais era do que uma corte rica e faustosa e uma população empobrecida, com um Império para manter. Essencialmente, foram estes os principais produtos e riquezas dos Descobrimentos e Expansão ultramarina de Portugal até ao século XVIII.

O que os portugueses foram buscar na África?

O primeiro lugar que os portugueses chegam no continente africano foi em Ceuta, no Norte, em 1415. Em princípio estabeleceram comércio com os povos da região. Os interesses portugueses nesse momento eram principalmente encontrar uma nova rota para as Índias e produtos rentáveis para o mercado europeu.

O que os portugueses achavam dos africanos?

Em suas expedições à África, a coroa portuguesa buscava jazidas de ouro e praças de comércio de especiarias e escravos.

O que os portugueses queriam com a exploração do continente africano?

O Périplo Africano foram diversas viagens feitas pelos portugueses nos séculos XV e XVI na tentativa de descobrir uma alternativa para chegar às Índias, na época das Grandes Navegações. Essas viagens foram realizadas no contexto da Expansão Marítima Europeia.

Qual era o principal objetivo dos portugueses ao contornar o continente africano?

Périplo Africano é o nome de uma série de viagens realizadas pelos portugueses no século XV, inicialmente pelo Mar Mediterrâneo, mas sobretudo pela costa da África. O objetivo era encontrar um caminho alternativo para chegar às Índias e poder trazer os produtos sem ter que comprá-los em Gênova ou Veneza.

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