O que é uma pessoa egípcia?

A antiga religião egípcia apresentava extrema relevância na vida cotidiana no Egito. Uma de suas características mais fortes era a crença na vida após a morte.

O que é uma pessoa egípcia?
Trecho do Livro dos Mortos com a representação de Anúbis (cabeça de chacal), o deus dos mortos

A antiga religião egípcia consistia nas crenças e nas práticas que eram realizadas pelos egípcios no Egito Antigo. A crença religiosa dos egípcios era de extrema relevância e influenciava consideravelmente a vida das pessoas. Por serem politeístas, os antigos egípcios acreditavam em vários deuses.

Duas características muito importantes da religiosidade dos egípcios eram os conceitos maat e heka. O primeiro conceito definia a importância de viver uma vida correta, de forma a manter a existência harmônica no universo. O conceito de Heka estava relacionado à mágica e afirmava a importância dela tanto na criação do universo quanto na manifestação do poder dos deuses.

Os deuses do panteão egípcio eram representados de três diferentes maneiras:

  • Antropomórfica: forma humana.

  • Zoomórfica: forma animal.

  • Antropozoomórfica: forma humana e animal ao mesmo tempo.

Entre os principais deuses egípcios, podem ser destacados Hórus, (deus sol), Ísis (deusa da fertilidade), Anúbis (deus dos mortos), Maat (deusa da justiça) e Bastet (deusa dos gatos e da fertilidade). Cada deus exercia uma função diferente, bem como possuía sacerdotes específicos responsáveis por sua adoração.

Os sacerdotes no Egito Antigo poderiam ser tanto homens quanto mulheres. Em geral, as sacerdotisas prestavam culto a uma deusa, e os sacerdotes a um deus, no entanto, isso não era uma regra obrigatória. Os sacerdotes do Egito enfrentavam um longo processo de capacitação e podiam constituir famílias como qualquer outra pessoa.

Esses religiosos eram responsáveis pela adoração dos deuses e pela manutenção do templo, assim como pela realização dos festivais religiosos. Os sacerdotes também cumpriam um papel com a comunidade local, realizando funerais, casamentos e fazendo o papel de curandeiros. A adoração aos deuses nos templos era restrita a eles.

A crença na vida após a morte e a mumificação

Um elemento central na religião dos egípcios era a crença na continuidade da vida após a morte. Os egípcios acreditavam que a vida terrena era apenas uma etapa de uma jornada que continuaria e que, por isso, seria necessário levá-la da maneira mais justa possível. Os atos realizados em vida, inclusive, eram extremamente importantes, pois definiriam o destino de cada pessoa.

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De acordo com essa religião, cada pessoa que morria teria suas ações julgadas em um tribunal presidido por Osíris, um dos principais deuses egípcios. A crença egípcia afirmava que o coração seria pesado em uma balança com uma pena, e o resultado definiria o acesso ao paraíso.

Esse era um ato simbólico, uma vez que o coração representava as ações em vida de cada pessoa, e a pena representava a justiça e era o símbolo da deusa Maat. Caso o coração fosse mais leve que a pena, a pessoa teria acesso ao paraíso. Caso contrário, a alma dessa pessoa seria devorada por uma entidade monstruosa.

A crença na vida após a morte também explicava a preocupação dos egípcios com a conservação dos corpos, uma vez que a continuidade da vida estava condicionada a sua preservação na terra. Desse ponto de vista, era necessário que os corpos fossem cuidados, por isso os egípcios mumificavam seus mortos.

A mumificação era realizada em um longo processo que se estendia por aproximadamente 70 dias. O processo mais conhecido era restrito apenas à nobreza egípcia, a única que tinha condições financeiras de pagar por ele. Durante a mumificação, primeiramente, os órgãos eram retirados, e o corpo era limpo e banhado com óleos e resinas especiais para, em seguida, ser enfaixado. No túmulo, eram colocados alimentos e uma série de objetos, como joias e estátuas.

Aproveite para conferir nossas videoaulas sobre o assunto:

Por Daniel Neves Silva

Curto e grosso: egípcios não eram brancos ou negros. Eram egípcios. E isso tem a ver com as aspas no título: a ideia de raça não é mais aceita como científica, basicamente porque um suposto branco e um suposto negro podem ser muito mais geneticamente parecidos entre si que entre outros membros da mesma raça. E não havia os conceitos atuais de negro ou branco na Antiguidade. Mas isso não mata a pergunta. Raça existe como um conceito social e histórico, que todos sabem o que quer dizer.

Vamos lembrar que os egípcios não eram uniformes: grupos variados se estabeleceram na região ao longo do tempo — de pele mais clara ao norte e mais escura ao sul, e tudo no caminho. “A distinção dos egípcios em relação aos outros povos africanos tem sido feita desde os greco-romanos”, diz Julio Gralha, coordenador do Núcleo de Estudos em História Medieval, Antiga e Arqueologia Transdisciplinar da Universidade Federal Fluminense (UFF-PUCG).

A questão é retomada nos séculos 18 e 19, quando expedições europeias pelo continente africano “levam a esse paradigma de que o Egito é muito sofisticado e de que não teria uma origem na África”.

O outro lado da história, de um Egito negro, aparece ainda no século 19, por meio de pessoas como o egiptólogo francês Jean-François Champollion (1790-1832), o decifrador da Pedra de Roseta. Para ele, os antigos egípcios eram negros do mesmo tipo que todos os nativos da África. A ideia seguiu viva no século 20, especialmente pelos pensamentos de Cheikh Anta Diop (1923-1986), historiador e antropólogo senegalês.

Diop levantou alguns argumentos nesse sentido, como as representações dos egípcios sobre eles mesmos como negros. Porém, de acordo com Julio Gralha, na iconografia, os egípcios se representam na cor marrom — enquanto os núbios estão na cor negra e os líbios e asiáticos, em tom de amarelo. “O que o egípcio está dizendo nessa representação é que ele é mais claro do que os núbios e mais escuro do que os asiáticos.”

Outra questão trazida por Diop fala em fontes escritas antigas que se referiam ao povo egípcio usando o termo kmt (redução de kemet), que indica a cor preta. “Ao usar o kmt, os egípcios estão se referindo à terra negra, e não a eles como negros. Eles são da terra negra, que é o Nilo. O erro veio ao analisar a escrita egípcia pela redução de um termo, algo como a nossa redução de estou aqui para tô aqui”, explica Julio.

A VOZ DO DNA

Uma pesquisa realizada por cientistas do Instituto Max Planck, da Alemanha, trouxe alguns dados para a polêmica. Eles testaram o DNA mitocondrial (contido nas mitocôndrias, apenas com as informações da linhagem materna) de 90 múmias, do período entre 1380 a.C. e 425.

O que é uma pessoa egípcia?
Mural "Cerimônia da abertura da boca da múmia em frente a tumba" / Crédito: Getty Images

Os resultados, comparados ao DNA dos egípcios modernos, chegaram a algumas conclusões. Entre elas: os egípcios de hoje têm 8% mais genes em comum com povos subsaarianos do que os antigos; gregos e romanos, que dominaram o Egito por sete séculos, deixaram praticamente nenhuma marca genética.

Segundo os cientistas, os genes do sul da África vieram, provavelmente, do tráfico de escravos do mundo islâmico, que passava pelo Egito e se estendeu da Idade Média até o século 19. Já a ausência de genes gregos e romanos é creditada à falta de mistura —Cleópatra, por exemplo, foi obrigada a se casar com os próprios irmãos.

Mas os dados estão longe de uma possível determinação da etnia egípcia. “Racializar a compreensão do Egito antigo é limitar a percepção acerca da sociedade faraônica, que era plural etnicamente falando, com relações antiquíssimas com a Núbia, com os povos líbios da África do Norte, com a Ásia e o Mediterrâneo. O Egito teve milhares de anos de história e influências diversas, que construíram uma sociedade mestiça, plural”, afirma Belchior Monteiro, professor de História da África do Departamento de História da Universidade Federal do Espírito Santo.

Tanto foi assim que há representações de governantes núbios, com estrutura corporal muito similar à da África subsaariana — caso do faraó negro Taharqa, que governou entre 690 a.C. e 664 a.C. —, e daqueles que podem ser associados à Ásia – região de Palestina, Iraque, Líbano, Cisjordânia —, com nariz fino, por exemplo. Basta relembrar os traços da rainha Nefertiti, do século 14 a.C., para ilustrar a questão.

Entre historiadores e egiptólogos atuais, a afirmação, quando o assunto vem à tona, é relembrar que o Egito é, de fato, africano. “O único benefício de discutir a ‘raça’ dos antigos egípcios é o de desconstruir o senso comum que percebe o Egito antigo como asiático — e, consequentemente, branco”, diz Belchior Monteiro.

Ao que Julio Gralha complementa: “O entendimento da cor da pele e da etnia é uma discussão mais das relações de poder e de ações afirmativas, sejam elas eurocêntricas ou pan-africanistas”. Não aprendemos nada sobre o Egito ao impormos noções atuais sobre ele.


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As Dinastias do Antigo Egito: A História e o Legado dos Faraós desde o Início da Civilização Egípcia até a Ascensão de Roma, Charles River Editors, 2019 - https://amzn.to/34gokmU

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O que significa uma pessoa egípcia?

1. Relativo ou pertencente ao Egipto . 2. Natural, habitante ou cidadão do Egipto .

O que significa cara de egípcia?

Fazer a egípcia = Fingir indiferença. fazer a egípcia é se fazer de desentendido, fazer que não viu, mas viu tudo. Sem nem sequer mexer o pescoço.

Como são os egípcios?

O egípcio é muito família, sempre próximo dos seus parentes (grude com a mãe), e ele realmente tem o sonho de construir a própria família. Ele pensa em ter filhos, em casar, e só isso já deixa ele na frente de muito brasileiro que não pensa em construir família né!

Qual a etnia egípcia?

Já os egípcios, pelo menos em sua maioria, não eram negros, mas brancos. No entanto, vale lembrar que houve miscigenação entre egípcios e núbios.