Êxodo Rural é um processo de migração em que as pessoas mudam do campo para a cidade. Esse nome foi escolhido para retratar uma mudança em larga escala, ou seja, quando o número de pessoas que se mudam é alto durante um determinado período.
É importante não confundir: quando uma única pessoa ou família deixa sua fazenda para morar na cidade não é êxodo rural. Só é êxodo rural quando muitas famílias deixam o campo durante uma mesma época.
Por que as pessoas deixam a zona rural para morar na zona urbana?
Por vários motivos. O principal deles é o processo de substituição do homem pela máquina no campo. Dessa forma, um único equipamento realiza o trabalho que seria feito por muitos trabalhadores. Esse processo contribui para o desemprego desses trabalhadores, que se mudam para as cidades em busca de emprego.
A mecanização do campo é responsável pelo desemprego e pelo êxodo rural
Outro motivo é a concentração de terras no espaço agrário, ou seja, um espaço cada vez maior para um número cada vez menor de pessoas. Esses espaços não são usados para moradia e produção de alimentos para a população no campo, mas para o cultivo de produtos voltados, principalmente, para a exportação.
E quais as consequências do êxodo rural?
As consequências do êxodo rural são sentidas nas cidades. Boa parte das pessoas que deixam o campo não possui um bom grau de escolaridade e muito menos algum tipo de especialização. Com isso, elas ficam desempregadas ou conseguem empregos que pagam salários muito baixos. Essas pessoas se tornam moradoras de ruas, vão morar em favelas ou bairros muito pobres.
O êxodo rural também provoca o inchamento das cidades, ou seja, ficam muitas pessoas morando em um mesmo lugar. Cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Goiânia, Curitiba, Belo Horizonte, Manaus e muitas outras aumentaram muito suas populações nos últimos 40 anos por causa do êxodo rural no Brasil. E continuam aumentando.
As cidades aumentaram muito suas populações por causa do êxodo rural
Por Rodolfo Alves Pena
Graduado em Geografia
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Êxodo rural é o termo que designa a migração de pessoas das zonas rurais para as zonas urbanas. Consiste no processo de urbanização visto do ponto de vista rural.
Nos tempos modernos, o êxodo rural geralmente ocorre numa região após a industrialização da agricultura — quando menos pessoas são necessárias para gerar a mesma quantidade de produção agrícola para o mercado.
Os conflitos recentes na África e noutras regiões do mundo são outra causa do êxodo rural, fazendo com que milhões de pessoas engrossem o exército de desempregados e marginais nas grandes cidades. Ainda outra causa são os desastres naturais, como ciclones e secas, que deixam as populações rurais sem meios de subsistência e as empurram, muitas vezes de forma permanente para as cidades.
Estes fenômenos estão ligados à falta de políticas de desenvolvimento das zonas rurais, tais como a construção de infraestruturas básicas — estradas, escolas e hospitais.
Tendências históricas[editar | editar código-fonte]
Antes da Revolução Industrial, o êxodo rural ocorria em algumas poucas regiões específicas. As sociedades pré-industriais não experimentaram grandes fluxos de migração rural-urbana, principalmente devido à incapacidade das cidades de sustentar grandes populações. A falta de grandes indústrias, a alta mortalidade urbana e o baixo suprimento de alimentos serviram como freios que mantiveram as cidades pré-industriais muito menores do que as cidades atuais. Atenas e Roma antigas, estimam os estudiosos, tiveram uma população máxima de 80.000 e 500.000 habitantes, respectivamente.[1]
O início da Revolução Industrial na Europa, no final do século XIX, removeu muitas dessas barreiras. À medida que os suprimentos de alimentos aumentaram e se estabilizaram, e os centros industrializados surgiram, as cidades começaram a ser capazes de abrigar populações maiores, desencadeando o início do êxodo rural em grande escala.[1] No Reino Unido, a população vivendo em áreas urbanas cresceu de 20%, em 1800, para mais de 70%, em 1925.[2]
Enquanto que no final do século XIX e no início do século XX o êxodo rural ocorreu sobretudo na Europa Ocidental e nos Estados Unidos, à medida que a industrialização se espalhou pelo mundo, durante o século XX, o êxodo e a urbanização também ocorreram em outras regiões. Hoje, o êxodo rural é um fenômeno que ocorre em novas áreas, incluindo na China e, mais recentemente, na África subsaariana.[1][3]
Causas[editar | editar código-fonte]
Muitos migrantes optam por deixar as zonas rurais pelo desejo de buscar melhores oportunidades econômicas nas áreas urbanas. Melhores oportunidades econômicas podem ser reais ou percebidas. De acordo com o Modelo Harris-Todaro, a migração para áreas urbanas continuará existindo enquanto a renda real urbana esperada na margem exceder o produto real agrícola.[4] No entanto, o sociólogo Josef Gugler aponta que, embora os benefícios individuais do aumento dos salários possam superar os custos da migração, se muitos indivíduos seguirem esse mesmo raciocínio, isso poderá produzir efeitos prejudiciais, como superpopulação e desemprego em nível nacional.[5] Esse fenômeno, quando a taxa de urbanização supera a taxa de crescimento econômico, é conhecido como superurbanização.[6]
A mecanização da agricultura reduziu as oportunidades de empregos nas zonas rurais. Alguns estudiosos também atribuem o êxodo rural aos efeitos da globalização, uma vez que a demanda por maior competitividade econômica leva as pessoas a enfatizarem o capital ao invés do trabalho.[7] A combinação de empregos rurais em declínio com uma taxa de fertilidade rural persistentemente alta desencadeou o êxodo rural.[8]
Algumas famílias optam por enviar seus filhos para as cidades como forma de investimento para o futuro. Um estudo concluiu que as comunidades rurais na Zâmbia que tinham outras oportunidades de investimento viáveis, como gado, por exemplo, tinham taxas mais baixas de migração rural-urbana em comparação com regiões sem oportunidades de investimento viáveis. Mandar seus filhos para as cidades pode servir como investimento de longo prazo, com a esperança de que os filhos consigam enviar remessas de volta para casa, depois de conseguir um emprego na cidade.[9]
Os jovens de zonas rurais podem escolher deixar suas comunidades rurais como um meio de transição para a vida adulta, buscando caminhos para uma maior prosperidade. Com a estagnação da economia rural e o incentivo de seus pais, os jovens rurais optam por migrar para as cidades.[10]
Desastres naturais podem frequentemente configurar eventos pontuais que levam a fluxos de migração rural-urbana temporariamente massivos. O Dust Bowl ocorrido na década de 1930, nos Estados Unidos, por exemplo, levou à fuga de 2,5 milhões de pessoas das Planícies em 1940, muitas delas para as novas cidades no oeste. Estima-se que um em cada quatro residentes dos estados das Planícies migrou durante a década de 1930.[11]
O êxodo rural no Brasil[editar | editar código-fonte]
No Brasil, o êxodo rural foi um fenômeno recente, no qual uma grande quantidade de pessoas abandonou os campos e migrou para as cidades. O êxodo foi um longo processo, mas teve seu auge entre 1960 e 1980. Nesse período, um total de 27 milhões de pessoas se dirigiram às zonas urbanas. O êxodo rural brasileiro foi um dos maiores do mundo, tanto em números relativos como absolutos.[12]
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Êxodo urbano
- Neorruralismo
- Migração
- Migração no Brasil
- Proletarização
Referências
- ↑ a b c Weeks, John (2012). Population: an introduction to concepts and issues. Belmont, CA: Wadsworth, Cengage Learning. pp. 353–391
- ↑ Davis, Kingsley (1965). «The Urbanization of the Human Population» (PDF). Scientific American. 213 (3): 40–53. Bibcode:1965SciAm.213c..40D. doi:10.1038/scientificamerican0965-40. Consultado em 13 de março de 2014
- ↑ Juan, Shan. «Rural exodus to cities continue». China Daily. Consultado em 13 de março de 2014
- ↑ Harris, John. «Migration, Unemployment and Development: A Two-Sector Analysis» (PDF). American Economic Association. Consultado em 13 de março de 2014
- ↑ Gugler, Josef. "Overurbanization Reconsidered." Economic Development and Cultural Change 31, no. 1 (1 October 1982): 173–89.
- ↑ Davis, Kingsley, and Hilda Hertz Golden. "Urbanization and the Development of Pre-Industrial Areas." Economic Development and Cultural Change 3, no. 1 (October 1954): 6–26.
- ↑ Perz, Stephen (2000). «The Rural Exodus in the Context of Economic Crisis, Globalization, and Reform in Brazil». The International Migration Review. 34 (3): 842–881. JSTOR 2675947. doi:10.1177/019791830003400308
- ↑ «China Human Development Report 2005: Development with Equity». UNDP
- ↑ Bates, Robert (1974). «Determinants of the Rural Exodus in Zambia» (PDF). Cahiers d'Études Africaines. 14 (55): 543–564. JSTOR 4391333. doi:10.3406/cea.1974.2636
- ↑ Min-Harris, C. «Youth migration and poverty in Sub-Saharan Africa: Empowering the Rural Youth» (PDF). Disponible en ligne dans le site. Consultado em 13 de março de 2014
- ↑ «Mass Exodus from the Plains». PBS. Consultado em 13 de março de 2014
- ↑ //repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/2651/1/td_0621.pdf