O que acontece com a temperatura do pneu aumenta diminui ou permanece constante?


Trabalho e calor trocados entre um gás e o meio

As principais variáveis a serem consideradas no estudo das máquinas térmicas, desenvolvidas a partir da primeira revolução industrial, são a quantidade de calor Q trocada com o meio externo e o trabalho W realizado ou sofrido por elas. Para tanto, é necessário adotar algumas convenções quanto aos sinais de cada uma dessas variáveis. Como exemplo, pode-se considerar um mecanismo composto de um êmbolo livre de atrito, encaixado em um cilindro no interior do qual um gás ideal está contido. Veja a seguir as convenções de troca de calor e de trabalho para essa situação.

•O gás recebe calor da fonte externa: Q > 0. Exemplo: gás sendo aquecido.

•O gás perde calor para o meio externo: Q < 0. Exemplo: gás sendo resfriado.

•O volume do gás permanece constante. Por isso, não há trabalho no sistema: W = 0. Exemplo: gás com temperatura e pressão contantes.

•O volume do gás diminui, então o gás recebe trabalho da fonte externa: W < 0. Exemplo: gás sendo comprimido. Para tanto, o êmbolo aplica uma força que realiza trabalho sobre o gás.

Ilustrações: Setup/Bureau/ID/BR

•O volume do gás aumenta, então o gás realiza trabalho: W > 0. Exemplo: gás expandindo-se. Ao fazer isso, o gás aplica uma força que realiza trabalho sobre o êmbolo.

Energia interna de um gás ideal

Já foi mencionado que, em um gás ideal, as moléculas estão muito distantes umas das outras, se comparadas à distância entre as moléculas de sólidos e de líquidos. Assim, não há energia associada a forças intermoleculares. Logo, a energia interna de um gás ideal é constituída somente pela soma das energias cinéticas de cada molécula que o compõe.

Diz-se “energias cinéticas” (no plural) porque elas podem existir sob várias formas: translação, rotação ou vibração.

No caso de um gás ideal e monoatômico (formado por átomos independentes), a energia interna é somente a energia cinética de translação relativa a todos os átomos que o constituem. Assim, quanto maior for o número de átomos do gás e quanto maior for a velocidade de translação deles, maior será a energia interna do gás. Por meio das leis da mecânica clássica e pela equação dos gases ideais, verifica-se que a energia interna (U) é dada pela expressão:

em que n é a quantidade de matéria (em mol), R é a constante universal dos gases e T é a temperatura.


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Variação da energia interna de um gás ideal

As três situações a seguir mostram um recipiente isolado no qual há um gás ideal. O recipiente é coberto por um êmbolo que pode se movimentar livremente.

Situação 1: Gás a temperatura constante

Nesta situação, não há variação de temperatura, isto é, ΔT = 0. Assim, o valor da energia cinética média das moléculas do gás não varia, ou seja, não há variação da energia interna.

Situação 2: Gás sendo resfriado

Nesta situação, há variação negativa de temperatura (a temperatura final é menor que a temperatura inicial). Isso se deve à perda de energia cinética das moléculas.

Essa diminuição de energia cinética é percebida macroscopicamente pela diminuição do volume e pelo deslocamento do êmbolo para baixo, embora o número de moléculas do gás contido no recipiente não tenha variado. Conclui-se que, se houver variação negativa de temperatura, a variação da energia interna também será negativa.

Situação 3: Gás sendo aquecido

Há variação positiva de temperatura.

Com o fornecimento de energia, ocorre o aumento da energia cinética das moléculas, observado macroscopicamente pelo aumento do volume.

Há um deslocamento do êmbolo para cima, sem que o número de moléculas do gás se altere. Conclui-se que, se houver variação positiva de temperatura, a energia interna também sofrerá variação positiva.

Ilustrações: Setup/Bureau/ID/BR

Em um sistema termodinâmico, comparam-se as condições iniciais às condições finais avaliadas pela variação da temperatura. Assim, a variação da energia interna ΔU de um gás ideal e monoatômico é dada por:

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A primeira lei da termodinâmica

Até aqui foram estudados isoladamente alguns conceitos relacionados à termodinâmica. O princípio da conservação da energia permite relacioná-los por meio de algumas leis capazes de sintetizar os fenômenos termodinâmicos. A primeira lei da termodinâmicaestabelece que:

A variação da energia interna ΔU de um gás ideal é obtida pela diferença entre a quantidade de calor Q recebida do ambiente externo ou fornecida para ele e o trabalho W realizado nesse processo.

Esse enunciado pode ser traduzido pela seguinte expressão matemática:

ΔU = Q W

A primeira lei da termodinâmica diz que a variação da energia de um sistema é igual à diferença entre a energia que nele entra e a energia que dele sai, tanto na forma de calor quanto na forma de trabalho.

Um exemplo da primeira lei da termodinâmica está representado na situação proposta pela figura a seguir, em que um gás ideal em um recipiente isolado está sendo aquecido por uma fonte externa. Na parte superior, há um êmbolo livre.

Setup/Bureau/ID/BR

Representação (em cores-fantasia e fora de escala) de um gás em expansão em virtude do aumento de energia térmica: o balanço energético do gás é obtido pela primeira lei da termodinâmica.

De acordo com o modelo cinético-molecular, a chama fornece certa quantidade de calor Q, que é transferida para as moléculas do gás, fazendo-as aumentar sua velocidade para que, assim, haja um acréscimo da energia cinética. Com isso, macroscopicamente, pode-se observar um aumento da temperatura.

O aumento dessa energia cinética ocasiona a realização de trabalho W sobre o êmbolo, visto que as moléculas do gás colidirão mais intensamente com as moléculas do êmbolo, deslocando-o para cima (da posição 1 para a posição 2, como mostra a figura). Dessa forma, a energia da chama é convertida em aumento da energia interna e em trabalho para deslocar o êmbolo.

Esse aumento da energia interna será exatamente a diferença entre a energia fornecida na forma de calor pela chama e a energia gasta na forma de trabalho para deslocar o êmbolo.

No que se refere à conservação da energia, verifica-se, na situação ilustrada, que tanto a variação positiva da energia interna – observada macroscopicamente pelo aumento da temperatura – quanto a realização do trabalho sobre o êmbolo somente ocorreram porque foi fornecida uma quantidade de calor pela chama. Essa quantidade de calor pode ser calculada por:

Q = ΔU + W

Essa é outra maneira de se escrever a primeira lei da termodinâmica. Se o êmbolo não puder ser deslocado e permanecer sempre na mesma posição, não haverá realização de trabalho. Nessa situação, de acordo com a primeira lei da termodinâmica, tem-se Q = ΔU. Nesse caso, o calor fornecido pela chama é convertido somente em energia interna, que será maior do que na situação em que há transformação de energia sob a forma de trabalho.

CONCEITO EM QUESTÃO

Jaree/Shutterstock.com/ID/BR

Para encher o pneu de uma bicicleta, uma pessoa comprime o ar aplicando uma força que realiza trabalho sobre uma bomba.

Considerando a primeira lei da termodinâmica, reflita para responder às seguintes questões:

1. O que acontece com a quantidade da energia interna do pneu: aumenta, diminui ou permanece constante?

2. O que acontece com a temperatura do pneu: aumenta, diminui ou permanece constante?

3. Se a pessoa deixar de aplicar força sobre a bomba e o ar se expandir, de modo que o êmbolo seja empurrado para cima, o que acontecerá com a energia interna e com a temperatura do pneu?
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EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1. Um gás ideal contido em um sistema de cilindro e êmbolo recebe uma quantidade de calor igual a 5000 calorias e tem aumento da energia interna de 1500 calorias. Calcule o trabalho realizado pelo sistema.

Resolução

Dados: ΔU = 1500 cal; Q = 5000 cal

O calor é transmitido do meio para o gás, portanto Q é positivo: Q = +5000 cal

A energia interna sofreu variação positiva:

ΔU = +1500 cal

Aplicamos a primeira lei da termodinâmica:

ΔU = Q W W = Q − ΔU

Substituindo os valores de Q e ΔU, temos:

W = 5000 cal 1500 cal W = 3500 cal

2. Um gás ideal que está contido em um sistema de cilindro e êmbolo possui 10 mols e sofre um aumento de pressão de 2 Pa para 8 Pa. O volume permanece constante e igual a 4,15 m3. Considere R = 8,3 J/mol K. Calcule:

a) a variação de pressão do gás;

b) a variação da temperatura;

c) a variação da energia interna;

d) a quantidade de calor trocada com o ambiente.

Resolução

Dados do problema: n = 10 mols; pi = 2 Pa; pf = 8 Pa; V = 4,15 m3

a) A variação da pressão é dada por: Δp = pf pi

Δp = 8 2 ⇒ Δp = 6 ∴ Δp = 6 Pa

b) Para calcular a variação da temperatura, usamos a lei dos gases ideais: Δp V = n R ⋅ ΔT

6 4,15 = 10 8,3 ⋅ ΔT 24,9 = 83 ⋅ ΔT ⇒ ΔT = ⇒ ΔT = 0,3 ∴ ΔT = 0,3 K

c) Para calcular a variação da energia interna, usamos a definição:

⇒ ΔU = 37,35 ∴ ΔU = 37,35 J

d) Como o volume permanece constante, isto é, o êmbolo não se desloca, não há trabalho realizado (W = 0).

Aplicando a primeira lei da termodinâmica, temos:

Q = W + ΔU Q = 0 + ΔU Q = ΔU Q = 37,35 Q = 37,35 J



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