O que a Bncc fala sobre a natureza na Educação Infantil?

Você já ouviu falar no transtorno de déficit de natureza?

A infraestrutura das cidades, a insegurança e o trânsito caótico são fatores que praticamente incentivam os pais a deixar os filhos dentro de casa. 

Esse confinamento voluntário gerou até uma nova terminologia que vem sendo estudada pela comunidade científica.

Esse transtorno é um conjunto de problemas físicos e mentais que derivam de uma vida privada do mundo natural. 

Levantamentos de empresas ligadas à telefonia apontam que houve um aumento da parcela das crianças de 7 a 9 anos que usam smartphones por pelo menos 3 horas por dia.

Nos Estados Unidos, pesquisas apontam que o vício pelas telinhas é ainda mais intenso: enquanto as crianças passam de 4 a 7 minutos por dia brincando na rua, permanecem mais de 7 horas diárias em frente às telas.

E, de fato, é muito mais fácil e seguro manter as crianças em casa e distraídas com os celulares e tablets.

Porém, sabemos que o equilíbrio é necessário.

Neste artigo, vamos trazer alguns benefícios gerados pela natureza em famílias que priorizam uma criação dos pequenos mais ao ar livre.

1. Controle de doenças crônicas 

Há estudos que comprovam que brincar e conviver com a natureza reduz os problemas de saúde na infância e na adolescência.

A principal – e talvez mais óbvia – condição que acaba sendo evitada é a obesidade, relacionada ao sedentarismo.

Quanto mais ativo seu filho for, menor será a probabilidade de ele se tornar uma criança obesa.

Aliás, esse é um problema bastante comum no Brasil.

Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) apontam que, em 2019, 14,8% das crianças menores de cinco anos e 28,1% das crianças entre 5 e 9 anos acompanhadas na Atenção Primária tinham excesso de peso.

Destas, 7% das crianças menores de cinco anos e 13,2% das crianças entre 5 e 9 anos estavam obesas. 

Há, ainda, evidências que mostram que a convivência com a natureza e a prática de atividades ao ar livre na infância melhoram a capacidade motora, o equilíbrio, a agilidade e a habilidade física dos pequenos. 

O tempo passado ao ar livre pode inclusive ajudar a prevenir a miopia, doença que acomete cerca de 35% da população mundial. 

Não se sabe exatamente o motivo pelo qual isso acontece. 

Porém, oftalmologistas acreditam que, ao ar livre, o olho se acostuma a focar objetos distantes, o que causaria um efeito protetor.

2. Previne doenças cardiovasculares

As doenças cardiovasculares, hoje, são a enfermidade que mais mata adultos no mundo (inclusive, mais que câncer, guerras e álcool) 

A síndrome metabólica, caracterizada como a associação de fatores de risco como sobrepeso, elevação da glicemia, do colesterol e da pressão arterial, tornou-se bastante comum em diferentes fases da vida das pessoas.

Entre outros fatores, essa síndrome está associada ao estilo de vida de crianças e adolescentes que, quando passam muito tempo enclausuradas e em contato permanente com telas, acabam gerando um maior nível de estresse e uma maior privação de movimento.

Isso pode impactar negativamente o futuro das próximas gerações.

3. Valorização da natureza

Um artigo do The Guardian, escrito pelo jornalista e ambientalista George Monboit, traz um aspecto mais abstrato, mas igualmente preocupante sobre o afastamento das crianças da convivência com a natureza. 

Se nossos verdes se tornarem uma entidade distante, é possível que nossas crianças e as futuras gerações não desenvolvam o apreço necessário para se engajarem em ações de preservação. 

A maioria das pessoas que defendem a natureza – podemos chamá-los de ambientalistas – cresceram em meio a um ambiente permeado pelo verde.

Por verde, não nos referimos unicamente a florestas e bosques.

Há quem viva intensamente com praias e lagos, e aprenda a respeitá-los e a preservá-los como se fossem parte da família. 

O texto do jornal britânico aponta que a falta de um contato mais íntimo com a natureza, com os sons, os cheiros e a textura da grama e do ar livre, pode fazer com que a devoção à preservação da natureza se torne cada vez mais rara.

E, certamente, essa não é uma herança que gostaríamos de deixar para os nossos pequenos. 

4. Desenvolve a confiança e a responsabilidade

A maneira como as crianças brincam na natureza é bem menos estruturada que as brincadeiras feitas dentro de casa. 

Existem inúmeros jeitos de interagir com o ambiente externo, desde o jardim da casa ao parque, de uma área de escalada a um lago. 

Permitir que a criança escolha como ela quer se comportar na natureza dá autonomia para que ela controle as próprias ações.

Ao intensificar esse contato, o pequeno terá a oportunidade de perceber que a natureza é composta de outros seres vivos.

Sem o devido cuidado, as plantas e os animais podem morrer. E é importante que seu filho tenha consciência disso desde a infância.

Isso lhe dará umsenso de responsabilidade – a criança vai aprender que haverá consequências negativas caso uma planta não seja regada ou uma flor seja arrancada da raiz.

5. Estimula a criatividade e a imaginação

  • O que a Bncc fala sobre a natureza na Educação Infantil?

Devido à falta de uma estrutura prévia, as crianças terão de se adaptar ao ambiente que as cerca.

Isso significa que poderão usar a imaginação e inventar as próprias brincadeiras.

Em um parque ou no jardim de casa, não há tanta limitação de espaço.

Isso permite que a criança se movimente com maior liberdade e use a criatividade para imaginar diferentes cenários.

O contato com a natureza também ativa os sentidos das crianças de maneira que nenhuma outra atividade consegue.

Em um ambiente externo, você pode sentir cheiros, ver cores diferentes, ouvir barulhos e sons e, ainda, sentir a textura da grama e de plantas.

São momentos que enriquecem a experiência do ser humano.

Recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria

Crianças e adolescentes, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), devem brincar, aprender e conviver com a natureza pelo menos uma hora por dia

Essas atividades são importantes para que possam desenvolver a saúde mental, emocional, física e social.

A SBP sugere, além da convivência com a natureza, a interação na natureza.

Para crianças pequenas, entre 0 e 7 anos, a associação recomenda o livre brincar, as experiências sensoriais e o papel do adulto como companheiro de exploração e descobertas. 

Além de garantir mais segurança às atividades lúdicas dos filhos ao ar livre, também fortalece o vínculo entre pais e filhos. 

Já as crianças mais grandinhas, dos 7 aos 12 anos, desejam ampliar o raio de exploração, de curiosidade, de lidar com o risco percebido, de autonomia e de alcançar a competência ao lado dos amigos.

As instituições escolares devem organizar as rotinas de modo a equilibrar o tempo destinado às atividades curriculares com o recreio.

Esse período, normalmente de meia hora, deve oferecer oportunidades para que as crianças brinquem ao ar livre, de preferência em locais com natureza.

Aqui na Escola Portal, por exemplo, incentivamos as brincadeiras ao ar livre desde o Berçário, através da Toca da Raposa.

A SBP também recomenda que, em vez de tentar excluir a tecnologia da vida das crianças, os pais procurem promover um equilíbrio. 

Foi pensando nessas questões que a SBP organizou um manual de orientação para pais, professores e pediatras sobre o assunto, intitulado Benefícios da Natureza no Desenvolvimento de Crianças e Adolescentes. Confira o texto completo.

Esse vídeo do Instituto Alana traz uma reflexão rápida sobre o assunto. 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) corrobora essa orientação: as crianças precisam se movimentar pelo menos uma hora por dia. 

Em contrapartida, recomenda-se que o tempo diário de exposição às telas não passe de três horas. 

3 dicas para incentivar o hábito do contato com a natureza

1. Passeios em família

Essa dica é direcionada especialmente àquelas famílias que vivem em apartamentos. 

Se o seu condomínio oferecer um parquinho, acompanhe a criança e permita que ela brinque pelo menos alguns minutos por dia.

Caso essa não seja uma opção e o prédio não ofereça algum espaço seguro para a criança brincar, é preciso oferecer essa oportunidade.

Organize-se para levar a criança a um parque para que possa brincar e correr.

Crianças pequenas são particularmente curiosas e exploratórias. Vão se interessar por praticamente qualquer coisa. 

Formigas, minhocas, folhas caídas.

Felizmente, nossos pequenos ficam felizes rapidamente e com pouco. Portanto, não se preocupe em levá-lo ao mais legal e movimentado dos parques.

Qualquer pracinha perto de casa já resolve. 

2. Tenha plantas em casa

Além de proporcionar esse tempo ao ar livre, você pode manter algumas plantinhas em casa.

Ensine o pequeno a cuidar delas como se fossem animais de estimação.

Isso já contribui para criar um senso de responsabilidade na criança.

3. Utilize a tecnologia a seu favor

Se a criança não desapega do celular ou de algum outro aparelho eletrônico, não se desespere.

Permita que a criança leve o celular junto nesses passeios.

Estimule que o pequeno faça fotos das flores, árvores e animais que vocês virem pelo caminho.

Ajude-o, depois, a criar um diário contando essas pequenas aventuras na natureza, com fotos e desenhos.

É uma maneira de unir as duas coisas, e estimular que a criança use a tecnologia para focar o mundo que o cerca.

Crie o hábito: seu filho precisa de mais contato com a natureza

Escritor, jornalista e fundador do Children & Nature Network, o norte-americano Richard Louv é o responsável por cunhar o termo “transtorno de déficit de natureza”.

O escritor fala mais sobre isso neste vídeo, também do Instituto Alana. 

No livro “A Última Criança na Natureza“, ele traz o exemplo de uma criança que disse que preferia brincar dentro de casa porque é lá onde se encontram as tomadas.

Percebe em que mundo nossas crianças estão sendo inseridas?

Faz parte da nossa tarefa, como pais e educadores, orientá-la nesse sentido. 

A crescente aderência à tecnologia, acrescido ao medo dos pais de que as crianças peguem doenças ou se exponham a riscos se brincarem fora de casa, fizeram com que o comportamento mais comum para crianças e adolescentes seja ficar grudado nas telinhas. 

Procure proporcionar um equilíbrio.

É preciso ter em mente que tudo em excesso faz mal.

Crie o hábito de expor sua família a momentos ao ar livre. Permita que o pequeno tenha a oportunidade de se apaixonar pela natureza e de desfrutar de todos os benefícios que essa interação traz! 

Nos primeiros anos da vida de seu filho, isso depende exclusivamente de você.

Qual o objetivo de trabalhar natureza na Educação Infantil?

Os elementos da natureza ajudam as crianças a criarem um senso de autorregulação e gerenciamento de riscos, estimulam a prática de atividade física, combatendo a obesidade e outros problemas, assim como influencia positivamente a redução dos sintomas de condições comuns hoje em dia, como o Transtorno do Déficit de ...

O que é Bncc fala sobre o meio ambiente?

Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

O que é a natureza para educação infantil?

Estar na natureza é estar ao ar livre, com espaço amplo que possibilita que a criança desenvolva a sua motricidade e utilize os diversos sentidos nas explorações, como, por exemplo, o tato, ao pisar descalço na grama ou na areia, tocar nas árvores, molhar os pés no rio ou mar, entre outros.

Qual o campo de experiência para trabalhar o meio ambiente na educação infantil?

Um desses campos é o “Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações”, que tem tudo a ver com o assunto do meio ambiente.