O candidato indicado por washington luís para sucedê-lo na presidência da república

Em 24 de outubro de 1930, o presidente da República, Washington Luís, foi deposto pelos militares, vinte e um dias antes do término de seu mandato. Saiu preso do Palácio do Catete, Rio de Janeiro, acompanhado do Cardeal-Arcebispo Sebastião Leme e conduzido ao Forte de Copacabana.

O movimento armado que culminou com o golpe de Estado foi chamado de Revolução de 30, termo hoje discutido pelos historiadores na medida em que não houve uma ruptura entre o setor cafeeiro e o governo federal, mas uma troca de elite do poder.

Antecedentes imediatos

Em 1929, Washington Luís apoiou para sua sucessão o paulista Júlio Prestes e o baiano Vital Soares como candidatos a presidente e vice-presidente. A decisão frustrou a expectativa de eleição de um mineiro à presidente, pois rompia com a política do “café-com-leite”.

Os presidentes (como eram chamados, então, os governadores) de dezessete estados apoiaram o candidato indicado por Washington Luís. Apenas os presidentes de três estados – Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba – negaram apoio ao candidato Júlio Prestes. (A bandeira da Paraíba traz a expressão “nego” em lembrança a esse episódio).

Os presidentes destes três estados e políticos de oposição de diversos estados se uniram para formar a Aliança Liberal e lançaram Getúlio Vargas (do Rio Grande do Sul) candidato a presidente da República, e João Pessoa (da Paraíba) candidato a vice-presidente.

Realizadas as eleições, em 1 de março de 1930, saiu-se vitorioso o candidato governista Júlio Prestes. A oposição protestou denunciando fraude eleitoral. Surgem boatos sobre uma possível revolução, desmentidos por Getúlio Vargas e outras lideranças da Aliança Liberal.

O golpe de 1930

Um movimento insurgente no município de Princesa, na Paraíba que, segundo a oposição, havia sido instigado pelo Governo Federal contra João Pessoa, resultou no assassinato de João Pessoa, no dia 26 de julho de 1930. O fato foi o estopim que deflagrou a mobilização armada dos partidários de Getúlio e da Aliança Liberal.

Em 24 de outubro de 1930, os ministros militares depuseram Washington Luís, que é preso. Ele saiu do Palácio do Catete acompanhado do Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, Sebastião Leme e levado para o Forte de Copacabana. Uma junta militar assumiu a presidência, entregando-a a Getúlio Vargas no dia 3 de novembro de 1930.

Washington Luís foi exilado, vivendo muitos anos nos Estados Unidos e posteriormente na Europa. Regressou ao Brasil em 1947, recusando-se a voltar à política.

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Abertura

  • Washington Luís preso sendo conduzido ao Forte de Copacabana, Rio de Janeiro.

24 DE OUTUBRO DE 1930

A Revolução de 30

EDITADO POR CESAR TARTAGLIA

A revolução de 30, um acontecimento seminal na moderna história política do Brasil, foi deflagrada oficialmente na tarde do dia 3 de outubro, a partir do Rio Grande do Sul. Mas as origens da mobilização que acabou levando o gaúcho Getúlio Vargas ao poder estão sinalizadas em fatos políticos que se desenrolaram ao longo da segunda metade da década de 20, como O GLOBO documentou em reportagens da época. A chamada política do café-com-leite, um acordo das elites de São Paulo e Minas para se revezarem na Presidência, dava claros sinais de esgotamento.

Mas o movimento que marcou o rompimento do país com a República Velha só se precipitou em 1929. Na edição de 21 de setembro desse ano, o jornal publicou, em chamada que ocupou mais da metade da primeira página, o lançamento do manifesto da Aliança Liberal, de oposição ao candidato paulista Júlio Prestes, indicado pelo presidente Washington Luís para sucedê-lo. No alto da capa, o título: “Reconhecendo e honrando a independencia e pujança do povo carioca, o manifesto da Alliança Liberal, num dos seus textos mais claros e vigorosos, consagra a necessidade de ser concedida a autonomia ao Districto Federal!” (foi preservada a grafia da época); logo abaixo, fotos de alguns dos personagens ligados ao movimento – Ruy Barbosa, Nilo Peçanha, Luiz Carlos Prestes, Assis Brasil, J. J. Seabra e Joaquim Távora. Estava evidente que a antiga República ruía.

A 1º de março, data das eleições presidenciais, O GLOBO, nas suas três edições do dia, alertava para as evidências de fraude em favor de Júlio Prestes: “Infelizmente o governo do Sr. Washington Luis não irá deixar á disposição da curiosidade publica o serviço dos telégrafos para que nos seja transmittida a verdade, em vez da fraude” (grafia da época).

No dia 3, com as urnas ainda em apuração, o jornal dedicou toda a primeira página, numa colagem de fotos, aos candidatos liberais – Getúlio em destaque. Nas páginas internas, a celebração do desempenho do candidato gaúcho e dos liberais no colégio eleitoral do Rio de Janeiro (“A despeito de toda a prepotencia e ameaças do governo, a cidade carioca elegeu os Srs. Getulio Vargas, João Pessoa, Seabra, Maurício de Lacerda, Adolpho Bermamini e Candido Pessôa”) e novo alerta (A fraude campeou desenfreadamente em varias secções dos dous districtos da capital. Preparam-se ainda, segundo corre, novos resultados para a victoria da chapa reaccionaria”).

Com a vitória do candidato paulista, os acontecimentos se precipitaram. O assassinato de João Pessoa, candidato a vice de Getulio, no dia 26 de julho de 30 (O GLOBO registrou na edição do dia seguinte, dedicando ao assunto toda a primeira página), levou a radicalização a um ponto insustentável. Deflagrado o movimento, que depôs Washington Luís e impediu a posse de Júlio Prestes, o presidente foi para o exílio.

Na época, Roberto Marinho produziu um trabalho de apuração que resultou numa página histórica do GLOBO (sexta-feira, 24 de outubro, 3ª edição): enquanto esperava a saída de Washington Luis do palácio, ele espalhou galhos no caminho por onde passaria o carro com o presidente deposto; ao sair, o motorista foi obrigado a reduzir a velocidade, tempo necessário para o fotógrafo do GLOBO que o acompanhava pegar um exclusivo flagrante do ilustre passageiro no banco de trás do veículo. Na redação, a foto foi editada em sete colunas (que era como se dividiam então as páginas dos jornais) da capa, uma ousadia gráfica para aquele período.

Quem foi o candidato indicado por Washington Luís para sucedê lo na Presidência da República para as eleições de 1929?

Em 1929, Washington Luís apoiou Júlio Prestes, presidente do estado de São Paulo à sua sucessão, e o presidente da Bahia, Vital Soares, como candidato a vice-presidente.

Qual foi o candidato indicado por Washington?

De acordo com a política do café com leite era a vez de um candidato mineiro ser Presidente da República, porém o então presidente paulista Washington Luís decidiu que outro paulista o sucederia, indicando o advogado conservador Júlio Prestes.

Qual foi o candidato lançado para presidente do Brasil pela Aliança Liberal?

Após intensas negociações entre o final de 1928 e julho de 1929, no dia 30 de julho a comissão executiva do Partido Republicano Mineiro lançou as candidaturas de Getúlio Vargas e João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque à presidência e vice-presidência respectivamente.

O que Washington Luís fez que rompeu com a política do café com leite?

Essa política foi quebrada quando o então presidente, Washington Luís, paulista, apoiou a candidatura do também paulista Júlio Prestes, o que desagradou à elite mineira, que se aliou à elite do Rio Grande do Sul formando a Aliança Liberal que lançou a candidatura do gaúcho Getúlio Vargas para disputar a presidência.