Em uma caravela-portuguesa encontros divisão de trabalho.por quê

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Capítulo
Neste capítulo
13
As interações ƒƒ
ecológicas entre 
seres vivos de 
uma mesma 
espécie.
As interações ƒƒ
ecológicas entre 
seres vivos 
de espécies 
diferentes.
As interações que os indivíduos de 
uma espécie mantêm com indivíduos da 
mesma espécie ou de espécies diferentes 
para obter os recursos necessários para 
sua sobrevivência e reprodução consti-
tuem as relações ecológicas. Essas inte-
rações permitem que eles se alimentem, 
encontrem abrigos, se acasalem, cuidem 
Relações ecológicas 
da prole, etc. Algumas dessas interações, 
no entanto, tornam-se prejudiciais aos 
indivíduos, especialmente quando os 
recursos do meio são escassos. Este ca-
pítulo trata da enorme diversidade de in-
terações que os indivíduos mantêm entre 
si para garantir os seus meios de sobrevi-
vência e de reprodução.
> Os caranguejos-ermitões mantêm uma relação muito interessante com algumas espécies de moluscos e de 
anêmonas. É comum encontrar esses caranguejos dentro de conchas de moluscos mortos, onde se abrigam, já 
que possuem o abdome mole. Algumas vezes, o caranguejo chega a matar o molusco que possui a concha que lhe 
interessa. Além disso, ele pode colocar algumas anêmonas sobre a concha para aumentar sua proteção, pois as 
anêmonas possuem tentáculos urticantes que impedem a aproximação de predadores. A anêmona, por sua vez, 
aumenta sua mobilidade utilizando o caranguejo como carona, além de aproveitar as sobras de seus alimentos.
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 Relações ecológicas
Como vimos no capítulo anterior, os indivíduos de uma espécie in-
teragem entre si e com os membros de outras espécies da comunida-
de ecológica a que pertencem. Essas interações, denominadas relações 
ecológicas, ocorrem devido às atividades dos organismos para obter 
os recursos necessários à sua sobrevivência e reprodução. Conforme as 
características próprias da espécie e do nicho ecológico que ela ocupa, 
os recursos necessários à sua sobrevivência podem variar bastante, in-
cluindo desde água, alimento e abrigo até condições específicas de luz, 
temperatura e umidade, disponibilidade de material para a construção 
de ninhos, condições necessárias para o acasalamento, etc.
As relações ecológicas podem ocorrer entre indivíduos da mesma espé-
cie, sendo denominadas relações intraespecíficas, ou entre indivíduos de 
espécies diferentes, recebendo o nome de relações interespecíficas. 
Algumas relações promovem benefícios para as duas partes envolvi-
das. Outras são benéficas para uma parte e indiferentes, ou neutras, para 
a outra. Nesses casos as relações são ditas harmônicas. Existem muitos 
exemplos de relações harmônicas, como a organização social das abelhas, 
em que a divisão de trabalho beneficia toda a colmeia, ou das plantas epí-
fitas, que se fixam a outras plantas sem, contudo, prejudicá-las. Mas há 
relações, ditas desarmônicas, nas quais o benefício de um indivíduo sig-
nifica necessariamente o prejuízo de outro. Esse é o caso da relação entre 
predadores e presas ou da competição por alimentos. 
Convém lembrar que, na natureza, um mesmo indivíduo pode man-
ter tanto relações intra como interespecíficas, algumas harmônicas, ou-
tras desarmônicas.
O quadro a seguir apresenta as diversas relações ecológicas que serão 
detalhadas ao longo deste capítulo.
Relações intraespecíficas  
> Na natureza, um indivíduo mantém relações 
ecológicas de vários tipos ao mesmo tempo. 
Na fotografia, o búfalo d’água, animal que 
se alimenta de gramíneas, beneficia-se da 
proteção do grupo de indivíduos da sua 
espécie e da presença do pica-bois-de- 
-bico-vermelho, uma ave que se alimenta de 
carrapatos, livrando-o desses parasitas.
Colônia
Seres vivos da mesma espécie 
que vivem em grupos, interagindo 
de maneira vantajosa para 
todos. Os indivíduos da colônia 
são fisicamente dependentes 
uns dos outros e podem ou não 
apresentar diferenças na forma 
e na função.
Sociedade
Uma sociedade é caracterizada 
pela divisão de trabalho, 
cooperação e comunicação 
entre os indivíduos que a 
compõem. Esses indivíduos 
são fisicamente independentes, 
mas compartilham o local em 
que vivem.
Competiçãoƒƒ
intraespecífica
Disputa entre indivíduos 
da mesma espécie 
por um recurso 
importante para todos, 
como alimento, espaço, etc.
> A caravela portuguesa (Physalia 
physalis) é uma colônia flutuante, 
composta de diversas formas animais da 
mesma espécie. Neste caso, cada uma 
possui funções específicas que auxiliam 
a sobrevivência de toda a colônia.
> As vespas (Vespula vulgaris), assim 
como abelhas, formigas e cupins, 
são insetos que vivem em sociedade.
> A anêmona Anthopleura 
elegantissima protege seu 
território de invasores da 
mesma espécie com tentáculos 
venenosos.
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Relações ecológicas 13
Relações interespecíficas  
Parasitismo
Uma espécie vive em outra e se 
alimenta dela.
Inquilinismo
Uma espécie fixa-se à estrutura 
externa ou vive no interior de 
outra, sem causar prejuízo a esta.
Protocooperação
Ambas as espécies se 
beneficiam da associação, mas 
podem viver sem a mesma.
Comensalismo
Uma das espécies é beneficiada por obter recursos 
alimentares graças a outra, para a qual a relação 
é neutra.
Mutualismo
Ambas as espécies se beneficiam da associação e 
não podem viver sem a mesma.
Competiçãoƒinterespecífica
Disputa entre indivíduos de espécies diferentes 
por um recurso que seja importante para ambas.
Predação
Um ser vivo se alimenta de outro, de espécie 
diferente.
As abelhas se 
alimentam do néctar 
das flores. O pólen 
impregna o corpo 
desses insetos e é 
levado para lugares 
distantes, favorecendo 
a reprodução das 
plantas.
> 
> Vacas e gafanhotos competem pelo capim, do qual as duas 
espécies se alimentam.
> As hienas comem os restos das presas que os leões 
abandonam.
> A pulga é um parasita que se 
alimenta do sangue de seu 
hospedeiro, podendo causar danos 
a ele. Aumento de 10 vezes.
> As orquídeas fixam-se no tronco das 
árvores, onde ficam mais expostas à 
luz solar, sem causar prejuízos a sua 
hospedeira.
> O pássaro-palito (Pluvianus aegyptius) 
ajuda o crocodilo (Crocodile porosus) 
por limpar-lhe os dentes e é 
beneficiado ao se alimentar com o 
resto de comida em sua boca.
> O gafanhoto (Tropidacris collaris) é um predador de folhas, 
já que se alimenta delas.
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 Relações intraespecíficas
As relações intraespecíficas são muito variadas e diferenciam-se confor-
me as características da espécie. Entre os vegetais, por exemplo, há espé-
cies em que os indivíduos se mantêm afastados uns dos outros; em outras, 
a sobrevivência depende da proximidade dos seus semelhantes. Entre os 
predadores de grande porte é comum a vida solitária, com encontros es-
porádicos para acasalamento ou atividade de caça. Já entre os herbívoros, 
a vida em bandos é frequente, embora isso não seja uma regra. 
Essas relações podem ser classificadas em dois grupos principais, que 
serão tratados nos próximos tópicos: de cooperação ou de competição.
Relações intraespecíficas de cooperação  
Em várias situações, os indivíduos de uma mesma espécie se rela-
cionam de forma a proporcionar benefícios para todos os envolvidos 
na relação. Esse comportamento cooperativo pode ter diferentes fun-
ções, como aumentar a proteção, economizar energia e otimizar a caça 
e o cuidado com a prole. A cooperação nem sempre é muito evidente, 
mas geralmente está presente nas espécies cujos indivíduos permane-
cem muito próximos uns dos outros. Nas savanas, por exemplo, ani-
mais herbívoros como zebras e gnus pastam em bandos, protegendo-se 
mutuamente do ataque de predadores. 
Estudos