Diferença entre sifilis e herpes

Existem diferentes tipos principais de herpes, e embora alguns sejam semelhantes, é importante conhecer as variedades e procurar assistência aos primeiros sintomas.

Existem oito diferentes vírus da família herpes que podem causar doenças em humanos. Entre eles, os herpes tipo 1, 2 e 3 provocam quadros semelhantes de lesões de pele que podem reaparecer após um período variável de ausência de sintomas.

O herpes tipo 1 é responsável pelo quadro de herpes labial, que se caracteriza por vermelhidão, ardor e pequenas bolhas preenchidas com líquido claro, comumente na região do lábio ou na parte interna da boca. Geralmente, o primeiro contato com o vírus ocorre durante a infância, por secreções orais originadas de tosse e espirro. Em seguida, o vírus se aloja em um neurônio e lá pode permanecer durante toda a vida do indivíduo sem causar qualquer sintoma, em um estado que chamamos de latência. Entretanto, ele pode reativar e voltar a provocar sintomas, principalmente em casos de queda da imunidade.

Vídeo: Dr. Drauzio explica o que fazer em caso de herpes labial

O herpes tipo 2, por outro lado, é o principal responsável pelo quadro de herpes genital. Observamos também vermelhidão, ardor e pequenas bolhas com líquido claro na região da vulva, pênis ou ânus, ou ainda em regiões como nádegas e virilha. Em geral, o primeiro contato com o vírus ocorre na adolescência ou início da vida adulta e as lesões podem ser intensas a ponto de provocar ardor para urinar e desconforto que impede as relações sexuais. Além disso, a presença de lesões pelo herpes tipo 2 aumenta o risco de contágio por outras infecções sexualmente transmissíveis, incluindo o HIV (vírus causador da aids).

Depois do primeiro contato, algumas pessoas apresentam repetidos quadros de herpes, o que caracteriza o herpes genital recorrente. Há inclusive quem relate desencadeantes bem identificados para essa manifestação, tais como exposição ao sol, estresse, período perimenstrual etc.

Vídeo: Dr. Drauzio fala sobre os gatilhos mais comuns das crises de herpes genital

Nesses casos, o que ocorre é uma reativação do vírus que se encontrava latente, sua multiplicação e transporte a partir do neurônio até a pele e o aparecimento de lesões.

Esse quadro é considerado benigno e pode resolver-se em cerca de 5 a 7 dias sem necessidade de tratamento específico. Entretanto, o uso de medicações que combatem o herpes tipo 1 ou tipo 2 logo no início do quadro pode abreviar os sintomas, ou até bloquear o aparecimento das bolhas. Além disso, para pessoas que apresentam episódios de herpes muito frequentes, o uso diário e contínuo de medicações contra o vírus pode prevenir a recidiva da doença e reduzir sua transmissão.

O herpes tipo 3 é mais conhecido como vírus da varicela (catapora). A infecção inicial ocorre frequentemente durante a infância, através do contato com secreções orais, e é seguida pelo quadro clássico da catapora, com lesões avermelhadas espalhadas pelo corpo e pequenas bolhas com líquido claro.

O vírus da varicela também estabelece latência em neurônios e pode reativar-se anos depois, dessa vez com vermelhidão, dor intensa e bolhas restritas ao território correspondente ao nervo acometido. A distribuição das lesões na pele é bastante característica dessa doença, popularmente conhecida como “cobreiro”, ou herpes-zóster.

Nesse caso, o tratamento antiviral é prontamente indicado para acelerar a cicatrização e reduzir a dor. Entretanto, mesmo com tratamento, há pessoas que permanecem com dor de difícil controle vários meses ou anos depois da resolução das lesões de pele.

Existem vacinas para prevenir tanto a varicela quanto o herpes-zóster. Infelizmente, a imunização contra o herpes-zóster ainda não está disponíveis na rede pública de saúde do Brasil. Quanto ao herpes tipo 1 e tipo 2,  até o momento, não há vacinas que protejam contra a infecção.

Vídeo: Dr. Drauzio fala sobre o herpes-zóster

Diagnóstico diferencial entre as principais Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)

Índice

  • 1 Sífilis Primária
    • 1.1 Definição
    • 1.2 Forma de Transmissão
    • 1.3 Descrição da lesão
    • 1.4 Diagnóstico
    • 1.5 Tratamento
  • 2 Herpes
    • 2.1 Definição
    • 2.2 Apresentação
    • 2.3 Transmissão
    • 2.4 Descrição da lesão
    • 2.5 Diagnóstico
    • 2.6 Tratamento
  • 3 Cancro Mole
    • 3.1 Definição
    • 3.2 Transmissão
    • 3.3 Descrição da lesão
    • 3.4 Diagnóstico
    • 3.5 Tratamento
  • 4 Linfogranuloma Venéreo
    • 4.1 Definição
    • 4.2 Transmissão
    • 4.3 Descrição da lesão
    • 4.4 Diagnóstico
    • 4.5 Tratamento
  • 5 Donovanose
    • 5.1 Definição
    • 5.2 Transmissão
    • 5.3 Descrição da lesão
    • 5.4 Diagnóstico
    • 5.5 Tratamento

Quando estamos diante de uma quadro de úlcera genital existem dois grupos extremamente importantes que devemos pensar no momento da formulação diagnóstica. E extremamente importantes por qual motivo? Por que são prevalente tantos nas provas de faculdade/residência como também durante a prática clínica.

As duas principais suspeitas iniciais devem ser:

  • Sífilis Primária
  • Herpes

Não podemos deixar de pensar também em outros 3 possíveis diagnósticos diferenciais para essa condição: Donovanose, Linfogranuloma Venéreo (LGV) e Cancro Mole. Vamos discutir um pouco sobre quando pensar em cada um delas separadamente.

Sífilis Primária

Definição

Também pode ser chamada de Cranco Duro. A sífilis primária é uma IST causada por uma subespécie de uma bactéria Gram negativa espiroqueta, o Treponema Pallidum.

Forma de Transmissão

A principal forma de contato é por via sexual.

Descrição da lesão

A lesão do Cancro Duro é única, com bordas bem delimitadas, indolor, com fundo limpo, uma base endurecida e de consistência rosa-avermelhada.

A lesão é rica em treponemas, possui uma duração de 2-6 semanas, e, idependente do seu tratamento, desaparece espontaneamente. E aí que está o perigo! Imagine uma paciente com uma lesão ulcerada em região genital, certas vezes com vergonha de comparecer ao ambulatório… a lesão desparece e a mesma acredita que se curou! Você pode achar que não, mas essa situação é bastante comum.

Diagnóstico

  • O padrão-ouro é microscopia de campo escuro, para a pesquisa direta do treponema.

Podemos realizar também a pesquisa de sorologias que podem ser de dois tipos:

  • Teste treponêmico
  • Teste não-treponêmico
  1. Teste treponêmico: basicamente solicitamos o FTA-Abs (o diagnóstico é mais rápido, é bem sensível e específico e uma vez positivo, sempre positivo);
  2. Teste não-treponêmico: comumente solicitamos o VDRL (lembre-se que demora um pouco para positivar, cerca de 2-3 semanas, é sensível e pouco específico);
  • Atenção: é necessário um segundo exame para a confirmação diagnóstica (um treponêmico ou um não treponêmico). A única situação que está autorizada o tratamento do paciente com um único teste positivo é em caso de gestantes.

Tratamento

O tratamento de escolha é realizado com:

  • Penicilina Benzatina 2.400.000 UI IM (1.200.000 UI em cada nádega) OU Doxiciclina VO/Ceftriaxone IM (para pacientes alérgicos à penicilinas e não gravídicas).

Herpes

Definição

Herpes é uma doença causada por dois tipos de vírus: o Vírus Varicela-Zóster (VVZ), que comumente causa catapora (varicela) e também o popularmente conhecido cobreiro (herpes zóster) e os herpesvírus tipo 1 (normalmente relacionado com a cavidade oral) e tipo 2 (normalmente relacionado com cavidade genital), que causam o chamado Herpes simplex.

Apresentação

A primeira infecção costuma ser mais severa e com um pródrômo característico (febre, calafrio, tremores…), depois, após uma fase de latência esse vírus pode resurgir e através dos núcleos das células dos glânglios sensitivos reinfectar dermátomos específicos.

Transmissão

A principal forma de contato é por via sexual.

Descrição da lesão

O primeiro achado é a manifestação com vesículas mais agrupadas, sob uma base hiperemiada. Essa lesão posteriormente formará uma úlcera arredondada com borda lisa e bastante dolorosa.

Importante lembrar também que o colo do útero também pode ser acometido apresentando um sangramento e corrimento característico.

Diagnóstico

O diagnóstico de herpes é clínico! Entretanto podemos realizar o Esfregaço de Tzanck (evidenciará inclusões intranucleares), a pesquisa de sorologias e a coleta de cultura.

Tratamento

O tratamento de escolha é feito por via oral!

  • 1º infecção: Aciclovir 400mg VO 8/8h por 7 dias;
  • Em casos de recidiva: Aciclovir 400mg 8/8h por 5 dias;
  • Em casos de episódios recorrentes (>6 episódios/ano): Aciclovir 12/12h por 6 meses;
  • Lembrar que em pacientes imunossupressos e aqueles com lesões grandes: pode ser feito o TTO por via endovenosa;

Atenção: Importante salientarmos que deveremos SEMPRE tratar em GESTANTES, em QUALQUER trimestre da gestação, com Aciclovir por via oral.

Cancro Mole

Definição

cancro mole é uma doença sexualmente transmissível causada pela bactéria Haemophilus ducreyi que provoca feridas genitais dolorosas.

Transmissão

A principal forma de transmissão é por o via sexual.

Descrição da lesão

São úlceras múltiplas, com uma borda irregular, de fundo sujo, doloroso e de base amolecida.

Diagnóstico

É basicamente clínico. Mas podemos abrir mão da cultura, PCR ou bacterioscopia.

Tratamento

  • 1ª opção: Azitromicina 1g VO ou Ceftrixone 500mg IM
  • 2ª opção: Ciprofloxacino

Linfogranuloma Venéreo

Definição

O linfogranuloma venéreo é uma doença sexualmente transmissível causada pela Chlamydia trachomatis. Ele caracterizado pela presença de linfonodos inchados e dolorosos na virilha e às vezes infecção do reto.

Transmissão

A principal forma de transmissão é por o via sexual.

Descrição da lesão

1º inocula → disseminação linfática → sequelas;

  • Dica: normalmente a principal queixa do paciente é a linfadenopatia (comum em 70% dos casos).

Diagnóstico

É basicamente Clínico. Mas podemos abrir mão da cultura ou PCR.

Tratamento

  • 1ª opção: Doxiciclina 100mg VO 12/12h por 21 dias
  • 2ª opção: Azitromicina 1g VO por 3 semanas

Dica: Lembrar de TRATAR O PARCEIRO!

Donovanose

Definição

A Donovanose é uma IST crônica progressiva, causada pela bactéria Klebsiella granulomatis. Acomete preferencialmente a pele e mucosas das regiões da genitália, da virilha e do ânus.

Transmissão

A principal forma de transmissão é por via sexual.

Descrição da lesão

É uma úlcera, com fundo avermelhado, de bordas irregulares e sangramento fácil. Pode surgir também os pseudobulbões.

Diagnóstico

Feito com esfregaço/biópsia: aparece os corpúsculos de Donovan.

Tratamento

Doxiciclina 100mg VO 12/12h por 21 dias.

Quem tem herpes pode ter sífilis?

Você pode ter herpes e sifilis concomitantemente. O fato de você ter uma doença sexualmente transmissível e o estigma de ter a sífilis pode alterar o seu psicólogico sim. A sífilis é uma doença sexualmente transmissível e infecto-contagiosa grave.

Como é a ferida da sífilis?

A sífilis manifesta-se inicialmente como uma pequena ferida nos órgãos sexuais (cancro duro) e com ínguas (caroços) nas virilhas, que surgem entre a 2ª ou 3ª semana após a relação sexual desprotegida com pessoa infectada. A ferida e as ínguas não doem, não coçam, não ardem e não apresentam pus.

Como é a ferida do herpes?

Como se manifesta: – inicialmente pode haver coceira e ardência no local onde surgirão as lesões; – a seguir, formam-se pequenas bolhas agrupadas como num buquê sobre área avermelhada e inchada; – as bolhas rompem-se liberando líquido rico em vírus e formando uma ferida.

Como saber se tenho herpes ou não?

O Herpes vírus pode ser identificado indiretamente por exames sorológicos que identificam anticorpos contra o vírus e diretamente detectando o DNA do vírus que está em circulação. O Amplicon realiza o teste de detecção do DNA do vírus da Herpes (HSV1 e HSV2) e libera o resultado em 3 dias úteis.

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