Como o consumo consciente pode ser um forte aliado no combate ao aquecimento global?

Medidas simples ajudam a melhorar a temperatura do planeta, evitando uma série de catástrofes globais

No último Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, órgão das Nações Unidas para assunto) ficou claro que, para manter o aquecimento global limitado em até 2 graus Celsius, evitando a elevação do nível do mar e inúmeras catástrofes que colocariam em risco a vida na Terra, serão necessárias mudanças drásticas para cortar em 20% as emissões de gases que geram o efeito estufa até 2030. Ou seja, é preciso que as pessoas se mobilizem de modo muito organizado nos próximos 11 anos!

Usar menos papel, não deixar a torneira aberta enquanto escova os dentes, faz a barba ou lava a louça; não deixar luzes ligadas desnecessariamente; substituir o ar condicionado pelo ventilador; cuidar da manutenção do veículo e calibrar os pneus a cada 15 dias. Mais que medidas de economia, essas ações - repetidas pelo maior número de pessoas -  podem impactar de modo significativo na redução da emissão de gases causadores do efeito estufa que, por sua vez, contribui com a redução do aumento da temperatura no planeta. 

Super estufa
O pesquisador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas, George Magalhães, salienta que os deslocamentos humanos ainda são, dentro dos hábitos cotidianos, o que mais colabora para o aquecimento global, em virtude das emissões de poluentes. “Se não há alternativa para o uso do carro, por exemplo, uma boa alternativa seria apostar no uso do etanol. Derivado da cana de açúcar ou até mesmo do milho, esse combustível já realiza a captura de carbono durante o crescimento da planta que captura CO2 para se desenvolver e ainda tem uma queima menos impactante para o meio ambiente”, esclarece.

O engenheiro ambiental e professor universitário Nilton César Pinto salienta que o aquecimento global é uma realidade e tem afetado, principalmente, a sustentabilidade num futuro bem próximo. “Nossos hábitos cotidianos consomem muita energia, especialmente da queima de combustíveis fósseis através da remissão dos nossos veículos, em especial o avião. A frota, de um modo em geral, ainda é arcaica e o atual modelo industrial ainda se utiliza de fontes de energia não renováveis, fato que aumenta muito as emissões de dióxido de carbono (CO2) e gás metano(CH4)”, esclarece, salientando que o metano é, em média, 22 vezes mais prejudicial para o efeito estufa que o CO2.

Apesar de não parecer, hábitos simples são fundamentais para ajudar a manter a temperatura planetária sob controle.

“A utilização de carona solidária, andar de bicicleta, usar transportes públicos...tudo isso facilitará a redução das emissões. Numa escala mais macro econômica, serão necessárias políticas públicas que incentivem as indústrias obterem mais eficiência nos seus processos de produção”, complementa o professor.

Para se ter uma ideia da importância desse controle, vale salientar que mais calor favorecerá o avanço de doenças tropicais causadas por insetos em regiões de clima mais ameno, com impacto direto na saúde pública. Os insetos, fundamentais para a polinização correrão duas vezes mais riscos de perderem seus habitats com o mundo 2 graus Celsius mais quente em relação ao aquecimento de 1,5 grau Celsius. Isso representa maior impacto na agricultura, colocando a segurança alimentar em risco.

“Limitar o aquecimento em 1,5 grau Celsius é possível dentro das leis da química e da física, mas isso requer mudanças sem precedentes”, alertou Jim Skea, um dos 91 pesquisadores de 40 países que assinam o relatório do IPCC.

“Cada pequeno acréscimo no aquecimento importa, especialmente porque superar 1,5 grau Celsius aumenta os riscos associados de mudanças de longo prazo ou irreversíveis, como a perda de alguns ecossistemas”, esclareceu Hans-Otto Pörtner, coautor do relatório da ONU.


George Magalhães pontua ainda que o uso da tecnologia pode ser uma saída bastante viável para reduzir os deslocamentos humanos, assim, ao invés de viajar para participar de uma reunião, ele sugere o uso de teleconferências com todas as possibilidades oferecidas atualmente.

Efeito global
A organização não governamental Iniciativa Verde lista como principais atividades geradoras de  gases-estufa o uso de energia elétrica nos aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos e nos processos industriais. Outro polo gerador de poluentes diz respeito ao não aproveitamento de materiais e produtos, fato que obrigaria uma nova exploração de matéria-prima bruta na natureza e, obviamente, um novo processo fabril, bem como novo transporte e comercialização. 

O engenheiro ambiental e secretário municipal de Cidades Sustentáveis e Inovação (Secis), André Fraga, lembra que, naturalmente, os seres vivos produzem dióxido de carbono (CO2) e gás metano(CH4), o problema é o volume produzido na atualidade, aliado a outros gases poluentes. “Quanto menos responsável é o nosso consumo – que é um ato político – maior é o impacto na emissão de gases poluentes e de efeito estufa, que impacta no aumento da temperatura, o derretimento das calotas polares, a acidificação dos oceanos, na saúde das pessoas, por exemplo”, completa. 

Por isso mesmo, André Fraga defende que o consumo consciente é uma chave importante para que cada indivíduo possa contribuir de modo decisivo para conter o aumento da temperatura do planeta. “O consumo tem um impacto no mundo e na sociedade e pode integrar um rol de ações globais”, reforça.

Quando o assunto é consumo, vale salientar que a reciclagem e o reaproveitamento também é um fator importantíssimo na geração de gases poluentes. George Magalhães salienta que todo o lixo orgânico que vai parar nos aterros sanitários se transforma em metano, afetando de modo muito importante o aquecimento global. “A perspectiva de ter composteiras caseiras para uso em pequenas hortas e a separação de material que possa ser reciclado são atitudes que são fundamentais para a redução do lixo nos centros urbanos”, diz o pesquisador.

Compensações verdes
No que diz respeito às questões que envolvem o chamado crédito de carbono, o professor Nilton César diz que existem duas visões sobre o tema.  “A emissão de crédito de carbono é uma concessão através de acordos, quando países desenvolvidos – que historicamente e pelo atual processo de industrialização têm muitos poluentes - enviam recursos que possibilitem realizar o reflorestamento de áreas, numa perspectiva de compensar a emissão de poluentes”, esclarece. Ele lembra que o processo também pode e deve ser feito por indivíduos que se proponham a compensar a própria geração de poluente por árvores. 

A ong Iniciativa Verde, por exemplo, afirma que cada pessoa, em média, precisaria plantar dez árvores para compensar a emissão de poluentes. A contagem aumenta se forem computadas as viagens aéreas. 

Eles apontam que se um indivíduo viajou da capital mineira à paulista e retornou, que dá, aproximadamente, 980km, emitiu 0,17 tonelada de carbono. A compensação exigiria o plantio de uma árvore em compensação. Quem viaja todo mês nesse trajeto, ao longo de um ano, terá contribuído para o aquecimento global com 2,07 toneladas de gases-estufa e terá a tarefa de plantar 13 árvores. Se a esse consumo se somar o uso de energia elétrica, gás e de um carro pequeno, chegará ao final do ano com 3,67 toneladas de carbono jogados na atmosfera. Essa conta exigiria o plantio de 23 árvores. 

Nilton César ressalta que, quando essas pequenas ações se somam numa população como a Salvador, por exemplo, se tem a real dimensão do impacto das pequenas ações. “Seriam 3 milhões de habitantes trabalhando em favor da sustentabilidade e isso faria muita diferença. Pense isso sendo feito nas grandes metrópoles de um país com as dimensões do Brasil”, finaliza César.

Como o consumo consciente pode ser um forte aliado no combate ao aquecimento global?

O plantio de espécies nativas ajudam a conter o avanço de poluentes que ampliam os impactos do efeito estuda e suas consequências (Imagem: shutterstock)

Faça sua parte:

Reduza em 10% a utilização de veículos automotores. 
Prefira veículos movidos a álcool ou biocombustíveis. 
Mantenha a manutenção do veículo em dia .
Realize a calibragem dos pneus a cada 15 dias
Troque os modelos de freezer ou geladeira mais antigos pelos com melhor eficiência energética.
Substitua as lâmpadas por modelos que gastam menos energia. 
Cuide e separe materiais recicláveis.
Substitua o ar condicionado por ventilador;
Desligue luzes e equipamentos quando não estiverem sendo utilizados. 
Use o mínimo necessário de papel. 

 

Porque o consumo consciente e um forte aliado no combate ao aquecimento global?

Mais que medidas de economia, essas ações - repetidas pelo maior número de pessoas - podem impactar de modo significativo na redução da emissão de gases causadores do efeito estufa que, por sua vez, contribui com a redução do aumento da temperatura no planeta.

Como o consumismo pode cooperar para intensificar o aquecimento global?

Escolhas de consumo que privilegiem o máximo aproveitamento dos produtos adquiridos permitem que se evite desperdício e, assim, que se reduza a emissão de gases de efeito estufa. Além disso, o consumidor pode escolher comprar de empresas que se preocupam em reduzir os impactos da produção sobre as mudanças climáticas.

Como o consumo consciente pode ajudar o meio ambiente?

Podemos citar como exemplo: cultivar a própria horta em casa, reciclar embalagens e desperdiçar menos água na hora do banho. Essas pequenas atitudes ajudam a preservar o meio ambiente e combater as mudanças climáticas. Isso nos leva aos benefícios indiretos que são gerados para todas as pessoas.

Como o consumo consciente pode minimizar os impactos ambientais?

Evitar banhos demorados, aproveitar a água da roupa suja para lavar o quintal, retirar os aparelhos que não estão em uso da tomada, escolher eletrodomésticos mais eficientes, usar regador para regar as plantas, esses são atos simples que fazem uma enorme diferença no bolsa da população e minimiza os danos no meio ...