Como é que está a guerra em Israel?

Os ataques aéreos disparados por Israel em direção à Faixa de Gaza contra alvos do grupo radical Jihad Islâmica entraram no segundo dia neste sábado (6) e devem durar ao menos uma semana, disseram as forças de defesa do país.

Apelidada de "Amanhecer", a operação teve início na sexta-feira (5) e, segundo balanço do Ministério da Saúde palestino, deixou em dois dias ao menos 24 mortos, incluindo 6 crianças, e 203 feridos. Israel diz que atingiu 40 alvos do grupo, incluindo locais de fabricação e armazenamento de armas ocultos em áreas residenciais.

O grupo radical, como havia prometido, revidou os ataques com o lançamento de mais de 400 foguetes em direção a diferentes cidades do país. Sistemas de mísseis como o Iron Dome (domo de ferro), porém, interceptaram a maior parte dos projéteis.

Na cidade de Tel Aviv, alarmes soaram devido aos disparos vindos da Faixa de Gaza. Dois foguetes teriam sido interceptados e outros dois caíram no mar, segundo militares. Já em Ashkelon, carros foram atingidos por um foguete.

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Serviços de emergência do país disseram que ao menos 21 pessoas foram hospitalizadas desde o início dos ataques. A maioria teria se ferido ao cair enquanto corria para abrigos; outras ficaram feridas por estilhaços de foguetes, e seis foram internadas após crises de ansiedade.

Militares de Israel afirmam que, durante a madrugada, ao menos 19 militantes da Jihad foram presos na Cisjordânia. Tayseer Jabari, líder do grupo desde 2019, foi morto na operação na Faixa de Gaza na sexta —ele assumiu o comando depois da morte de Baha Abu Al Ata. Neste sábado, as forças de Israel disseram à agência AFP ter "neutralizado a cúpula da ala militar" da organização.

O dia teve ainda uma troca de acusações envolvendo a morte de crianças. Segundo o Hamas, algumas delas foram atingidas em um ataque próximo a um campo de refugiados em Jabalia. Israel negou ter feito ações que mirassem a região e atribuiu os óbitos a uma explosão causada por um foguete da Jihad Islâmica cujo lançamento falhou.

Um vídeo, cuja autenticidade não pôde ser verificada de forma independente, mostra o que seria um foguete partindo de Gaza à noite e então tendo o curso desviado, caindo nas cercanias de uma área urbanizada.

Israel interrompeu o transporte de combustível para a região pouco antes de iniciar os bombardeios, com consequências sentidas pelos cerca de 2,3 milhões de palestinos que vivem no local. A central elétrica de Gaza anunciou neste sábado que teve de fechar. Em comunicado, a empresa informou que o corte afetará serviços públicos e instalações cruciais, além de agravar a situação humanitária.

O Departamento de Estado dos EUA declarou neste sábado apoio ao "direito de Israel de se defender", instando todos os lados a evitar o acirramento do conflito —há um temor de que o Hamas se engaje nas batalhas ao lado da Jihad Islâmica.

O Egito, que buscava mediar negociações antes de os ataques terem início, propôs um cessar-fogo temporário para a negociação de uma trégua duradoura. Os radicais, porém, negaram a proposta, segundo uma autoridade do grupo.

A tensão na fronteira havia amortecido desde maio de 2021, quando 11 dias de ataques entre Israel e o Hamas deixaram ao menos 250 pessoas mortas em Gaza e 13 em Israel. O conflito escalou, porém, nas últimas semanas, quando um líder da Jihad Islâmica foi preso e Tel Aviv acusou o grupo de planejar ataques contra militares do país.

O enviado especial das Nações Unidas para o Oriente Médio, Tor Wennesland, disse estar profundamente preocupado com a situação. Em comunicado, frisou o repúdio a relatos de que entre os mortos palestinos está uma menina de 5 anos. "Não pode haver justificativa para quaisquer ataques contra civis."

O premiê israelense, Yair Lapid, afirmou na sexta que os ataques, que chama de uma operação antiterrorista, visam conter uma ameaça imediata. Ele acusou a Jihad de ser um representante do Irã que busca "destruir o Estado de Israel e matar cidadãos inocentes".

A Guarda Revolucionária, força de segurança de elite iraniana, reafirmou apoio aos palestinos e disse que Israel "pagará um preço alto" pelos ataques. A Liga Árabe, por sua vez, disse condenar o que chamou de feroz ataque israelense e responsabilizar o país por "crimes hediondos e sangrentos". União Europeia (UE) e Rússia pediram moderação.

Os ataques mútuos levaram ao cancelamento de uma partida amistosa entre Atlético de Madri e Juventus, marcada para este domingo (7) no estádio Bloomfield, em Tel Aviv. O jogo foi remarcado para ocorrer na Itália.

O governo de Israel está fazendo uma operação militar contra "diversos objetivos" na Faixa de Gaza nesta sexta-feira (5), informou um porta-voz do exército à imprensa local. Mais detalhes sobre a ação, segundo o representante, serão dados "em breve".

Até o momento, os militares informaram que a operação se chama "Breaking Dawn" e que um "alerta especial" também foi emitido para o interior do país. O sistema de defesa aéreo Iron Dome foi ativado para cobrir até 80 quilômetros dentro do território, incluindo as cidades de Tel Aviv e Modin. Fontes do governo palestino informam que a aviação israelense atingiu um prédio comercial de 10 andares em Bourj Falastin, no centro da cidade. Além disso, também teriam atingido um objetivo em Khan Yunes, ao sul do território, e um posto da ala militar do grupo Jihad Islâmica em Beit Kahya, ao norte.

O prédio em Bourj Falastin teria um escritório do grupo e, no momento da ação, diversos militantes estavam no local. Não se sabe se há mortos ou feridos.

O Ministério da Saúde de Gaza proclamou o estado de emergência para toda a Faixa.

Após os ataques, a Jihad Islâmica afirmou que os israelenses "começaram uma guerra". "O inimigo começou uma guerra contra o nosso povo e nós todos precisaremos nos defender. Não permitiremos que o inimigo continue com suas sistemáticas tentativas de atingir a resistência armada", ressaltou.

A ação militar ocorreu horas depois do ministro da Defesa de Israel, Benny Gantz, enviar uma mensagem aos líderes da Faixa de Gaza em que dizia que a "situação ao sul de Israel está tensa" e que o país "não quer buscar um conflito, mas não hesitará em defender nossos cidadãos se necessário".

A reclamação formal ocorre após dias de ameaças de ataques feitas por membros da Jihad Islâmica contra cidadãos e autoridades israelenses. A intensificação nas promessas de atentados vieram após Israel prender Bassam a-Saadi, chefe da Jihad Islâmica na Cisjordânia.

"Aos nossos inimigos, em particular aos líderes do Hamas e da Jihad Islâmica, quero dizer que o tempo acabou. Essa ameaça será removida de um jeito ou de outro", acrescentou Gantz, que acusou os dois grupos de fazerem com que a população da Faixa de Gaza "seja refém" por conta dos seus sofrimentos.

Na tentativa de evitar uma escalada violenta novamente entre os dois lados, o Egito já está tentando mediar a crise e está em contato tanto com o governo de Israel como com os líderes da Jihad Islâmica.

Como anda a guerra em Israel?

O número de feridos passou de 300. Os ataques dos dois lados atravessaram a madrugada deste domingo. Esses foram os confrontos mais violentos entre Israel e as organizações armadas de Gaza desde a guerra de 11 dias de maio de 2021, que terminou com a morte de 260 pessoas do lado palestino e 14 em Israel.

O que está acontecendo hoje em Israel?

Tel Aviv alega que soldados se defendiam de multidão em ação de busca por autor de atentado na capital israelense em abril. Morte reascende conflitos do início do ano, quando 19 pessoas morreram em uma onda de ataques contra israelenses.

Qual é o motivo da guerra em Israel?

O conflito entre Israel e Palestina é uma disputa sobre a posse do território palestino e está no centro de debates políticos e diplomáticos atuais. A disputa se acirrou no fim do século XX a partir de 1948 quando foi declarada a criação do Estado de Israel.

Quais são os países que apoiam Israel?

Israel mantém relações diplomáticas plenas e fronteiras abertas com dois de seus vizinhos árabes, Egito e Jordânia, depois de assinar tratados de paz em 1979 e 1994, respectivamente.